quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Sabesp frauda nível dos reservatórios. Situação é pior que o admitido




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Tijolaço, 15 de outubro de 2014


Sabesp frauda nível dos reservatórios. Situação é pior que o admitido

 
Por Fernando Brito




É estarrecedor que uma empresa pública, com um corpo profissional ao qual não faltam qualidades técnicas, esteja fazendo o que faz a Sabesp em São Paulo.
 
Sua presidente, a D. Dilma Pena, serrista de quatro costados, admitiu hoje na CPI da Água  que era “mentirinha” a declaração do governador - às vésperas da eleição – de que havia água suficiente para atravessar o verão e que a água acaba em “meados de novembro”.  O que é tão óbvio que está sendo dito aqui por um simples blogueiro que acompanha dos dados do Sistema Cantareira.

Mas, além do estelionato político, está se praticando crimes: divulgação de falsa informação em documento público, descumprimento de decisão judicial e burla às determinações das autoridades de regulação das águas, a Agência Nacional de Águas e o Departamento de Águas do próprio Estado de São Paulo.

A fiscalização encontrou a represa Atibainha 38 centímetros abaixo do nível mínimo autorizado.

Não é uma pequena diferença que pudesse ter acontecido por razões operacionais, de manejo das bombas de sucção, sem má-fé.
38 centímetros no nível equivalem a seis bilhões de litros d’água, mais do que é retirado em três dias.

Não é, como diz o Estadão, uma antecipação da tal segunda cota do volume morto, porque essa, se for autorizada, é uma grande poça que se formou em outro reservatório, o Jacareí.

A Sabesp conscientemente infringiu a lei federal nº. 9.433, de 1997, que proíbe a extração de água fora das cotas estabelecidas e considera fraude a adulteração das medições de nível de represas.

Além da multa, ela pode ser obrigada a fazer com que a represa volte ao nível autorizado, o que representa uma perda de seis bilhões de litros num sistema que está enforcado em menos de 42 bilhões, contanto todas as “rapas” e que perde, por dia, 1,7 ou 1,8 bilhão de litros para manter, mesmo em níveis caóticos, o abastecimento de São Paulo.

Um pobre morador da cidade, carregando seus baldes, pode pensar “que se dane” dos limites de sobrevivência dos reservatórios. Autoridades e engenheiros hídricos que têm a responsabilidade de evitar o colapso total, não têm este direito.

A reserva real do sistema, se corrigido este “roubo” de seis bilhões de litros não é nem sequer dos míseros 4,3% divulgados hoje cedo, mas de apenas 3,7%.

O corpo técnico da Sabesp tem de se rebelar contra isso, se não quiser recair na mesma pecha de bandidos que as autoridades paulistas que patrocinam isso merecem.

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