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Blog do Santayana, 09/10/2014
Os EUA e o novo "tráfico negreiro" no norte do Brasil
Por Mauro Santayana
Agentes da DEA (Agência de Controle de Drogas dos Estados Unidos),
trabalhando em conjunto com autoridades peruanas, produziram relatórios
recentes comprovando, por meio de escutas, o envolvimento de policiais locais
com máfias peruanas, equatorianas e bolivianas, dedicadas ao transporte ilegal
de emigrantes africanos e haitianos para o Brasil.
Vinda de diferentes países, e por caminhos também variados, até
Epitaciolandia ou Brasileia, no Acre, a imigração haitiana e africana no Brasil
é uma questão humanitária, mas também geopolítica, econômica e estratégica.
Ao contrário de refugiados sírios e iraquianos, que, ameaçados de morte,
fome e estupro, não tem como pagar um avião, os haitianos ou africanos que
chegam por aqui, gastam, somente com “coyotes”, entre 15.000 e 18.000 reais
cada um.
Por essa razão, ao não combater e desestimular, rigorosamente,
esse fluxo, o governo brasileiro está incentivando a drenagem de milhões de
dólares da economia de nações extremamente pobres, não para o nosso país, mas
para as mãos de agentes corruptos e traficantes do Equador e do Perú, da
Bolívia e do Brasil.
Justificando a intervenção de agentes norte-americanos em nossas
fronteiras, e a própria imigração ilegal de países como a Bolívia e o Perú.
Fortalecendo, assim, o faturamento, o funcionamento, não apenas desse moderno
tráfico negreiro, mas também a produção, transporte e venda de drogas, já que -
como demonstra a investigação da DEA - os mesmos criminosos que atravessam
cocaína na fronteira, o fazem com haitianos e imigrantes asiáticos e africanos.
Com os 6.000 dólares obtidos com a escravização de sua família para
agiotas, durante meses ou anos, em sua cidade de origem - uma pequena fortuna
entregue a ”coyotes”, apenas para chegar ao Brasil - um haitiano, um
caboverdiano, um senegalês, poderia montar pequeno negócio artesanal ou
agrícola em seu próprio país, e dar ocupação e renda a membros de sua
família.
Aplicado em uma viagem sem volta, esse capital se evapora em poucos
dias, sem oferecer nenhum benefício ou segurança no destino.
Cinquenta mil pessoas já passaram pela rota que, saindo da África ou das
Antilhas, passa pela República Dominicana, Espanha, o Panamá, o Equador, o Perú
e a Bolívia para chegar ao Brasil.
Centenas se amontoam, como gado, todos os dias, na fronteira, e
muitos já podem ser vistos, perambulando, sem destino, pelas ruas de várias
cidades brasileiras. São tratados como escravos no caminho e no Brasil,
devido à sua condição de ilegais, estão sujeitos a todo tipo de exploração.
Quanto tempo vai levar até que, pressionada pelo tráfico, e
recrutada e treinada antes mesmo de entrar em nosso território, parte deles
comece a ser usada como “mulas”?
Ou se organize, em redes, para introduzir e vender drogas dentro do Brasil ?
Ou se organize, em redes, para introduzir e vender drogas dentro do Brasil ?
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