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08 de outubro de 2014
A essência imutável
Por Paulo Moreira Leite
Um dos principais intelectuais brasileiros, o professor
Wanderley Guilherme dos Santos é o pensador de momentos importantes da
historia do Brasil. Seu artigo “Quem vai dar o golpe” permanece como uma
obra indispensável para entender o movimento que derrubou o governo
João Goulart. Nos textos reunidos em “Décadas de Espanto e uma Apologia
Democrática”, Wanderley permite compreender as privatizações e as
tentativas de mudar o papel do Estado no governo Fernando Henrique
Cardoso. Na entrevista que você pode ler abaixo, feita logo após a
contagem dos votos do primeiro turno da eleição presidencial, Wanderley
lembra as diferenças entre Dilma e Aécio para dizer que “deixar os
desvalidos para trás” é uma “essência imutável no projeto dos tucanos".
Avaliando o que está em jogo no segundo turno, o professor explica:
“é mais do que desejável, sobretudo para os pobres, que agora entraram
no orçamento da República, que Dilma obtenha tempo para consolidar uma
arrancada econômica”.
QUAL DEVE SER A PAUTA DO SEGUNDO TURNO?
Se a pauta do segundo turno for tão mofina e puramente expressiva como a do primeiro, a taxa de abstenção, brancos e nulos tende a aumentar. As duas candidaturas têm o que apresentar, projetos de mudança em direções divergentes, mas reais.
QUAIS SÃO ESSAS DIFERENÇAS?
É óbvio não ser possível compatibilizar uma meta de 3% de inflação, a ser buscada desde o primeiro dia de governo, com um aprimoramento das políticas sociais, nem reduzir o ativismo estatal e retomar o crescimento material da economia. E, em especial, o candidato tucano finge apenas não saber que uma chaga de corrupção tão hiperbólica que ocupa todo o seu discurso não poderia dar lugar aos programas sociais do governo, nem garantir a desconcentração regional da economia. Nos últimos dez anos, o crescimento médio per capita no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste foi superior ao crescimento médio per capita do país como um todo, e, este, superior ao do Sudeste e do Sul, na ordem. A diferença entre os dois projetos é profunda, partem de convicções distintas do que entendem por uma boa sociedade e de como chegar a ela.
QUAL É A GRANDE QUESTÃO DOS PRÓXIMOS DIAS?
A pergunta central posta na agenda, agora, é a seguinte: a votação de Dilma está próxima de seu teto enquanto a de Aécio é apenas seu patamar no reinício do jogo, ou vice-versa?
QUAL O BALANÇO DO PRIMEIRO TURNO?
Dispensadas as numerologias, o resultado da eleição presidencial de 2014 repetiu quase como Xerox a disposição final, por estado, a eleição de 2010. O candidato do PSDB venceu naquela e ratificou a vitória, em 2014, nos estados do Centro-Oeste e no tradicional trio estadual, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. A candidata do PT reproduziu, em 2014, a sólida hegemonia de que dispõe nos estados do Norte, Nordeste e alguns estados do sudeste para baixo. Esta penetração do PT no Sudeste e Sul se revela mais claramente nos resultados dos segundos turnos anteriores. Olhando os mapas coloridos por vitórias partidárias em 2010 e 2014 vê-se que a distribuição das manchas de são idênticas, com a novidade de que, em dois estados, Acre e Pernambuco, Marina Silva obteve a maioria dos votos, em 2014. A conclusão mais razoável indica que a distribuição estrutural das preferências partidárias permanece sem grandes mudanças.
DÁ PARA EXPLICAR AS FALHAS NAS PESQUISAS?
As enormes falhas das pesquisas eleitorais estimulam a interpretação de que houve significativa mudança nas preferências nacionais, que não captaram. Diretores de institutos apontam para condições operacionais das pesquisas, materialmente incapazes de captar mudanças ocorridas em 24 horas. O argumento é legítimo, em tese, mas não para explicar que, em 24 horas o candidato Aécio Neves tenha aumentado 11 pontos percentuais em intenções de voto. Isso é impossível. O que ocorreu, com toda probabilidade, foi que os institutos não captaram o que já vinha acontecendo. O resultado final, agregado, estrutural, foi conservador. Os institutos é que apontaram mudanças extraordinárias no eleitorado. Não foi por aí.
COMO ENTENDER OS VOTOS DO PSDB EM SÃO PAULO?
As mudanças significativas ocorreram nas diferenças nas derrotas e vitórias entre vitoriosos e derrotados, por estado. O PT perder para o PSDB, em São Paulo, é normal, esquisita foi a diferença entre o que diziam os institutos e o que disseram os eleitores. Comparada com votações anteriores, nos candidatos tucanos à Presidência, o percentual obtido por Aécio Neves flutuou, para cima, em torno dos resultados históricos. O resultado fora da curva continua sendo o de Geraldo Alkmin, curiosamente o menos carismático dos três competidores, ele, José Serra e Aécio Neves. Em princípio, a votação de Aécio em São Paulo se explica pelo histórico do PSDB, mas, e o medíocre desempenho eleitoral de Dilma Roussef quando, em outro equívoco, os institutos lhe atribuíam vitória? Esta questão pertence ao conjunto de resultados que, embora historicamente consistentes, apresentaram números bastante diferentes da eleição de 2010. O que importa, em uma vitória, são as diferenças de vitórias locais que, no agregado, garantem a vitória final. O que mudou bastante, em 2014, foram diferenças estaduais entre vencedores e vencidos. E o caso de São Paulo é o mais espetacular deles.
COMO EXPLICAR ISSO?
Em minha opinião, o desempenho de Aécio Neves, em São Paulo, e em outras regiões, se deve à recuperação da sigla PSDB nas eleições para a Câmara dos Deputados. Depois de uma trajetória descendente nas últimas três eleições, resgatou a posição de sólido terceiro partido na Câmara. Os candidatos a deputado conduziram Aécio Neves, sem desdouro de seu esforço pessoal. O presidenciável contou com ventos favoráveis aos candidatos proporcionais, ao contrário do que ocorreu nas eleições de 2006 e 2010.
E OS VOTOS PARA DILMA?
O quadro muda de direção na trajetória de Dilma Roussef. Ela buscou obter vitórias com as maiores vantagens possíveis, que permitissem compensar as desvantagens das derrotas. Mas o fez contra os ventos das campanhas petistas. O PT perdeu dezoito deputados federais nas eleições de 2014, com resultados vergonhosos como o de não conseguir eleger um só deputado em Pernambuco. Em São Paulo o desempenho do PT foi igualmente desapontador. Com toda a irritação que esse juízo possa provocar, Dilma Roussef obteve bons resultados apesar da má conjuntura do Partido dos Trabalhadores. Claro que os acordos, o trabalho das lideranças e da militância petista contribuíram para a vitória de Dilma no primeiro turno, mas as diferenças nas vitórias pontuais não geraram um agregado confortável de votos, face ao desempenho histórico da candidatura tucana. Caberia indagar as razões desse desconforto petista, mas aí é outra história.
QUAL É A HISTÓRIA?
Seria necessário ir fundo na análise dos sabotadores movimentos “Volta Lula”, entregando ao adversário a crítica de que até o PT estava descontente com Dilma, e o “Lula 2018”, deixando a candidata com um papel de gerente interina no próximo governo. Apesar de tudo isso, Dilma foi capaz de, com sobriedade e sem apelar para as facilidades dos gracejos, mostrar o excelente governo que vem fazendo. É mais do que desejável, sobretudo para os pobres, que agora entraram no orçamento da República, que Dilma obtenha tempo para consolidar uma arrancada econômica, possível, mas sem deixar os desvalidos para trás, essência imutável dos projetos tucanos.
Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época.
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QUAL DEVE SER A PAUTA DO SEGUNDO TURNO?
Se a pauta do segundo turno for tão mofina e puramente expressiva como a do primeiro, a taxa de abstenção, brancos e nulos tende a aumentar. As duas candidaturas têm o que apresentar, projetos de mudança em direções divergentes, mas reais.
QUAIS SÃO ESSAS DIFERENÇAS?
É óbvio não ser possível compatibilizar uma meta de 3% de inflação, a ser buscada desde o primeiro dia de governo, com um aprimoramento das políticas sociais, nem reduzir o ativismo estatal e retomar o crescimento material da economia. E, em especial, o candidato tucano finge apenas não saber que uma chaga de corrupção tão hiperbólica que ocupa todo o seu discurso não poderia dar lugar aos programas sociais do governo, nem garantir a desconcentração regional da economia. Nos últimos dez anos, o crescimento médio per capita no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste foi superior ao crescimento médio per capita do país como um todo, e, este, superior ao do Sudeste e do Sul, na ordem. A diferença entre os dois projetos é profunda, partem de convicções distintas do que entendem por uma boa sociedade e de como chegar a ela.
QUAL É A GRANDE QUESTÃO DOS PRÓXIMOS DIAS?
A pergunta central posta na agenda, agora, é a seguinte: a votação de Dilma está próxima de seu teto enquanto a de Aécio é apenas seu patamar no reinício do jogo, ou vice-versa?
QUAL O BALANÇO DO PRIMEIRO TURNO?
Dispensadas as numerologias, o resultado da eleição presidencial de 2014 repetiu quase como Xerox a disposição final, por estado, a eleição de 2010. O candidato do PSDB venceu naquela e ratificou a vitória, em 2014, nos estados do Centro-Oeste e no tradicional trio estadual, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. A candidata do PT reproduziu, em 2014, a sólida hegemonia de que dispõe nos estados do Norte, Nordeste e alguns estados do sudeste para baixo. Esta penetração do PT no Sudeste e Sul se revela mais claramente nos resultados dos segundos turnos anteriores. Olhando os mapas coloridos por vitórias partidárias em 2010 e 2014 vê-se que a distribuição das manchas de são idênticas, com a novidade de que, em dois estados, Acre e Pernambuco, Marina Silva obteve a maioria dos votos, em 2014. A conclusão mais razoável indica que a distribuição estrutural das preferências partidárias permanece sem grandes mudanças.
DÁ PARA EXPLICAR AS FALHAS NAS PESQUISAS?
As enormes falhas das pesquisas eleitorais estimulam a interpretação de que houve significativa mudança nas preferências nacionais, que não captaram. Diretores de institutos apontam para condições operacionais das pesquisas, materialmente incapazes de captar mudanças ocorridas em 24 horas. O argumento é legítimo, em tese, mas não para explicar que, em 24 horas o candidato Aécio Neves tenha aumentado 11 pontos percentuais em intenções de voto. Isso é impossível. O que ocorreu, com toda probabilidade, foi que os institutos não captaram o que já vinha acontecendo. O resultado final, agregado, estrutural, foi conservador. Os institutos é que apontaram mudanças extraordinárias no eleitorado. Não foi por aí.
COMO ENTENDER OS VOTOS DO PSDB EM SÃO PAULO?
As mudanças significativas ocorreram nas diferenças nas derrotas e vitórias entre vitoriosos e derrotados, por estado. O PT perder para o PSDB, em São Paulo, é normal, esquisita foi a diferença entre o que diziam os institutos e o que disseram os eleitores. Comparada com votações anteriores, nos candidatos tucanos à Presidência, o percentual obtido por Aécio Neves flutuou, para cima, em torno dos resultados históricos. O resultado fora da curva continua sendo o de Geraldo Alkmin, curiosamente o menos carismático dos três competidores, ele, José Serra e Aécio Neves. Em princípio, a votação de Aécio em São Paulo se explica pelo histórico do PSDB, mas, e o medíocre desempenho eleitoral de Dilma Roussef quando, em outro equívoco, os institutos lhe atribuíam vitória? Esta questão pertence ao conjunto de resultados que, embora historicamente consistentes, apresentaram números bastante diferentes da eleição de 2010. O que importa, em uma vitória, são as diferenças de vitórias locais que, no agregado, garantem a vitória final. O que mudou bastante, em 2014, foram diferenças estaduais entre vencedores e vencidos. E o caso de São Paulo é o mais espetacular deles.
COMO EXPLICAR ISSO?
Em minha opinião, o desempenho de Aécio Neves, em São Paulo, e em outras regiões, se deve à recuperação da sigla PSDB nas eleições para a Câmara dos Deputados. Depois de uma trajetória descendente nas últimas três eleições, resgatou a posição de sólido terceiro partido na Câmara. Os candidatos a deputado conduziram Aécio Neves, sem desdouro de seu esforço pessoal. O presidenciável contou com ventos favoráveis aos candidatos proporcionais, ao contrário do que ocorreu nas eleições de 2006 e 2010.
E OS VOTOS PARA DILMA?
O quadro muda de direção na trajetória de Dilma Roussef. Ela buscou obter vitórias com as maiores vantagens possíveis, que permitissem compensar as desvantagens das derrotas. Mas o fez contra os ventos das campanhas petistas. O PT perdeu dezoito deputados federais nas eleições de 2014, com resultados vergonhosos como o de não conseguir eleger um só deputado em Pernambuco. Em São Paulo o desempenho do PT foi igualmente desapontador. Com toda a irritação que esse juízo possa provocar, Dilma Roussef obteve bons resultados apesar da má conjuntura do Partido dos Trabalhadores. Claro que os acordos, o trabalho das lideranças e da militância petista contribuíram para a vitória de Dilma no primeiro turno, mas as diferenças nas vitórias pontuais não geraram um agregado confortável de votos, face ao desempenho histórico da candidatura tucana. Caberia indagar as razões desse desconforto petista, mas aí é outra história.
QUAL É A HISTÓRIA?
Seria necessário ir fundo na análise dos sabotadores movimentos “Volta Lula”, entregando ao adversário a crítica de que até o PT estava descontente com Dilma, e o “Lula 2018”, deixando a candidata com um papel de gerente interina no próximo governo. Apesar de tudo isso, Dilma foi capaz de, com sobriedade e sem apelar para as facilidades dos gracejos, mostrar o excelente governo que vem fazendo. É mais do que desejável, sobretudo para os pobres, que agora entraram no orçamento da República, que Dilma obtenha tempo para consolidar uma arrancada econômica, possível, mas sem deixar os desvalidos para trás, essência imutável dos projetos tucanos.
Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época.
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Tijolaço, 7 de outubro de 2014
Onde o PT pode escapar da sua própria fábrica de alienação
Por Fernando Brito
Um fato foi, essencialmente, o responsável pela condução do governo de orientação popular e inclusiva a uma situação de risco eleitoral.
O produto da inclusão, sem política e politização, é uma classe média sem valores senão os imediatos, como são os próprios do consumo e com uma moralidade que tudo tolera na apropriação privada da riqueza e vê no Estado – mudo ou com um discurso pasteurizado – apenas um serviçal (ou um estorvo) e não o indutor de sua própria ascensão.
Num ótimo artigo sobre este tema, o professor de Comunicação Wilson Roberto Vieira explica: “Na medida em que a cidadania é reduzida ao consumo como signo da mobilidade social, a ideologia que vai dar a “liga” para esse imaginário é a meritocracia: a crença de que sua suposta ascensão social foi conseguida graças ao mérito do estudo e melhora da capacitação profissional por caminhos duros e sofridos de renúncia e poupança – a única forma do salário almejar alguma ascensão real, renunciando a necessidades de reprodução da própria força de trabalho alimentação, entretenimento, cultura etc.”
Um outro fato, de sentido inverso, é a tábua de salvação – e creio que será salvadora, mesmo – deste mesmo governo de sentido popular e inclusivo: a memória da população que, embora esmaecida por mais de uma década de mudanças, só é capaz de percebê-las quando diante da possibilidade de volta ao passado, muito mais que da percepção de uma caminhada ao futuro.
Não é hora nem lugar para analisar o processo que, em dois parágrafos é tão resumido quanto perceptível.
Não há a menor dúvida de que o caminho da reeleição da Presidenta Dilma passa muito menos pela percepção de que os avanços sociais se deveram às efetivas ações desenvolvimentistas e de promoção social que ela realizou, em continuidade a Lula do que pela sobrevivência, impressa na memória do povo brasileiro, do que foram os anos FHC.
A discussão ideológica não é um “capricho” de esquerdistas idosos, mas uma ferramenta de interpretação da realidade, uma bússola em meio aos nevoeiros e às cortinas de fumaça construídos pelo o intocado aparato – monolítico e imperial – de uma mídia oligárquica.
Uma ferramenta da qual se abriu mão, salvo por momentos, em nome de uma “política propositiva”.
A campanha eleitoral, como o papel, aceita tudo. Do 13° do Bolsa Família à promessa de reduzir a inflação a 3% e produzir polpudos superávits primários sem fazer arrocho no salário, no crédito e cortes nos gastos sociais.
Muito bom se fosse diferente, mas não é, porque a dominância do discurso conservador, aceito passivamente na tentativa de agradar a todos e a tudo institucionalizar na forma “republicana”, como se as formalidades republicanas, de per si, um dia houvessem trazido justiça e progresso social.
Essa será, se a quisermos vencer, de novo e outra vez, uma eleição que depende de que este país se absorva da ideia de que não é o mérito individual o motor do progresso social, embora faça parte dele.
Deixou-se de dizer e mostrar ao povo brasileiro que ele veio, no pouco que temos, de um processo de lutas sociais que atravessa séculos e que nunca se deu sem confrontar o ranço das elites.
O PT e seu Governo devem olhar bem para o que são e para com quem conta, nas horas do combate e deixar de lado a pretensão de ser de ”todos”, algo que se esfumaça a cada embate, um vício que Darcy Ribeiro selou com a frase sobre querer ser “a esquerda que a direita gosta”.
Porque, afinal, a direita não gosta dela, não.
Tanto que despreza e odeia, mesmo quando seus privilégios são intocados.
A classe dominante brasileira é burra, tão burra que não quer ser a elite de um país imenso.
Prefere ser o capataz de uma colônia.
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