Carta Maior, 18/02/2016
Quem lava a jato não lava direito
PorJosé Carlos Peliano
De novo chover no molhado. A mesma ladainha de inquietação, irritação,
indignação, e outros tantos ãos dados pela frustração de ver a justiça
brasileira, nem toda é claro, deixar de ser imparcial.
Essa história de só se ver a justiça funcionando depois que ela é procurada torna a vida do cidadão presa a advogados e ritos e processos e a um emaranhado de passos e providências para que enfim uma reclamação, uma investigação, uma apuração, e que tais, possam ser feitas oficialmente.
Enquanto isso não se dá, quem tem amigos, afinidades, simpatias e expectativas de um lado da justiça e das chefias de algumas instituições constituídas acaba se dando bem. Muito bem mesmo.
O bordão do Planeta dos Homens de Jô Soares de anos atrás serve bem aqui: “não precisa explicar, eu só queria entender”. Está claro que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Mas por que duas coisas semelhantes são tratadas de maneira diferente?
Essa história de só se ver a justiça funcionando depois que ela é procurada torna a vida do cidadão presa a advogados e ritos e processos e a um emaranhado de passos e providências para que enfim uma reclamação, uma investigação, uma apuração, e que tais, possam ser feitas oficialmente.
Enquanto isso não se dá, quem tem amigos, afinidades, simpatias e expectativas de um lado da justiça e das chefias de algumas instituições constituídas acaba se dando bem. Muito bem mesmo.
O bordão do Planeta dos Homens de Jô Soares de anos atrás serve bem aqui: “não precisa explicar, eu só queria entender”. Está claro que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Mas por que duas coisas semelhantes são tratadas de maneira diferente?
Esse assunto já foi abordado inúmeros vezes aqui na Carta, tanto por mim quanto por outros colunistas e colaboradores. Ocorre que ou corre e o bicho pega, ou fica e o bicho come. Nem uma coisa nem outra, no entanto, vamos tentar ver os fatos de outro campo de visão.
O governo e o partido do governo é o prato de todo dia da oposição e da justiça. Se não de toda a justiça constituída que a outra parte se pronuncie então. O fato é que de levar tantas bordoadas diariamente governo e partido deixaram de ser pobres indefesos para heróis sobreviventes.
Ou mais que isso, passaram a ser os inimigos mais tenazes da oposição constituída em seus vários escaninhos, linhas de ação e tomadas de decisão. Querem de tudo e por tudo de acabarem com o governo eleito, o PT e com seu ex-presidente emblemático Luís Inácio Lula da Silva.
Se esses são inimigos pelo que fizeram nesses anos todos, merecem então o galardão de terem governado desde o povo, pelo povo e para o povo. Contra interesses manifestos e constituídos contra as políticas sociais de melhoria da distribuição de renda e da redução da pobreza.
Vamos às fichas respectivas ou pelo menos a uma parte delas, a que se conseguiu até agora ser visualizada aqui e ali. Só para se ter uma ideia, mesmo que aproximada, de quem está interessado em acabar com o governo, o partido e o ex-presidente.
Uma das assessoras do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de São Paulo é esposa do Procurador Geral do Estado – na verdade ela está na consultoria jurídica da Secretaria de Governo ligada à Casa Civil da Governadoria.
No recente episódio da oitiva de Lula e sua mulher, suspensa pelo Conselho Nacional do Ministério Público, o procurador geral se manifestou publicamente em defesa do procurador que chamou pela oitiva e manifestou sua opinião sobre o caso antes de ela ocorrer. Mas isso como diria Paulo Henrique Amorim não vem ao caso.
A outra esposa, a do juiz Sérgio Moro, advoga para o PSDB do Paraná e multinacionais do petróleo. Embora uma coisa não tenha necessariamente a ver com a outra, o episódio da batalha campal com os professores do estado, envolvendo a polícia paranaense, não deu em nada até agora. Mas do mesmo modo que os casos anteriores, isso também não vem ao caso.
Consta por igual que o pai e o primo do juiz Moro são pessoas ligadas ao PSDB. O que a princípio não é nada demais, pois cada um segue o que quer e bem entende. O que até dá para entender, no entanto, a corrente do partido de oposição que liga todas essas pessoas.
Mas deixando de lado a filiação e a escolha partidárias, porque de novo não vêm ao caso, vamos passar em revista apenas algumas parcialidades da Operação Lava Jato, não pelos feitos, por si questionáveis muitos deles, mas pelos não feitos.
Esse o problema da operação, quem lava a jato não lava a fundo, principalmente se os lavadores não enxergam ou não querem enxergar todas as pistas ou pontas de sujeiras.
Começando pelo fato mais recente. O senador Aécio Neves foi citado por dois principais delatores da Lava Jato, o primeiro Alberto Youssef, e o segundo Fernando Moura, os quais reforçaram as suspeitas de que a diretoria de Furnas, então nas mãos de Dimas Toledo, recolhia propina mensalmente, algo em torno de US$ 100 mil para o partido do senador. Mas nenhuma delas até agora veio ao caso e continuam esquecidas e descasadas uma da outra.
Entre outros fatos já publicados e amplamente divulgados na rede social, não evidentemente na carcomídia, estão alguns que se seguem envolvendo o senador e/ou membros de seu partido. Nenhum deles foi averiguado oficialmente pela justiça que se presta a fazer justiça apenas contra o partido do governo e seus representantes.
Desvio de verbas da saúde de Minas Gerais no valor de R$ 7,6 bilhões no período em que o senador mineiro ocupava o governo do estado.
Envolvimento de lideranças tucanas (especialmente seu ex-presidente Sérgio Guerra) no escândalo da Petrobras, segundo depoimento do ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, por terem ajudado a esvaziar CPI em 2009 sobre a empresa.
Pelo menos R$ 400 milhões no esquema dos negócios dos metrôs de São Paulo e Distrito Federal, envolvendo a francesa Alston por suborno a políticos ligados ao governo de São Paulo para ganhar o contrato de expansão do metrô do estado e a alemã Siemens, que admitiu ter formado um cartel com outras 13 empresas para fraudar as licitações do metrô de Brasília
Desvio de aproximadamente R$ 120 bilhões, denunciado, registrado e documentado amplamente pelo jornalista Amaury Ribeiro no livro A Privataria Tucana durante o período das privatizações no governo de Fernando Henrique Cardoso. Segundo consta os recursos encontravam-se aproveitando o sol e a praia de paraísos fiscais.
A lista é em verdade muito mais extensa, mas não é o objetivo aqui citá-las todas. Apenas jogar com os dois lados da moeda. De um lado personagens jurídicos importantes no palco do julgamento da operação Lava Jato e correlatas e de outro personagens políticos igualmente importantes fora do mesmo palco. A operação não lava direito, só à esquerda, mantendo a direita livre e desimpedida.
Que não é um julgamento imparcial todos nós já sabemos, que querem acabar com o governo, seu partido e Lula igualmente já sabemos, que querem voltar ao poder para mandar e desmandar também sabemos, o que ainda não sabemos é a extensão, a força e a ira de todos os que votaram em Lula e Dilma nesses anos todos. Eles da oposição não passarão, nós passarinho!
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