Blog do Santayana, 27 de fevereiro de 2016
De mastins e de poodles
Por Mauro Santayana
No day after da aprovação pelo Senado de proposta que muda
as regras do pré-sal, abrindo caminho para leilões de novos campos de
petróleo e para a aprovação pela Câmara de projeto ainda mais
vergonhoso, que prevê o fim do regime de partilha e a volta ao regime de
concessão que vigia até 2010, estabelecido nos “fantásticos” tempos de
FHC, autoridades norte-americanas movem mundos e fundos para impedir a
compra, pela poderosa estatal chinesa ChemChina, da multinacional
química Syngenta, por 44 bilhões de dólares.
Embora de origem suíça, a Syngenta tem forte presença no
mercado agrícola norte-americano, onde está cotada em bolsa e conta com
acionistas como o Bank of America e o
fundo de investimentos Blackrock.
Com essa atitude, os EUA querem também evitar que Pequim
reforce sua posição na área de transgênicos prejudicando direta e indiretamente
grandes empresas norte-americanas do setor, como a Monsanto - ao contrário do
que ocorre no Brasil, os chineses tratam as multinacionais de sementes e
defensivos agrícolas estrangeiras com rigor e são extremamente cuidadosos na
liberação da venda de seus venenos e organismos geneticamente modificados em
seu território, um dos maiores mercados do mundo.
A pseudo “massa” ignara, abjeta, fútil e fascista, que pulula
pela internet e pela mídia conservadora brasileira, deveria aproveitar o seu
pegajoso pró-norte-americanismo para aprender a diferença entre os EUA – e
outros países com P maiúsculo na administração de seus interesses - e o Brasil:
por lá, quando se trata da entrega de setores ou mercados estratégicos para
potências concorrentes, os mastins nacionalistas dos Estados Unidos ladram e
rugem - mesmo quando não se trata de empresas 100% norte-americanas – e
arreganham os caninos, enquanto, por aqui, nossos delicados poodles
entreguistas antinacionais fazem festa para os gringos, e balançam, arfantes e
em êxtase, os rabinhos.
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