quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Atiraram no que viram e acertaram no que não viram





http://www.apn.org.br/w3/index.php/trabalho/6837-democracia-corrupcao



 APN, 19/11/2014


Editorial
+ Democracia, - Corrupção



Não é de hoje que os petroleiros do Rio de Janeiro denunciam as mazelas da direção da Petrobrás. O Sindipetro-RJ já promoveu atos, panfletos e dossiês denunciando desvios de conduta e ações danosas dos gestores da companhia. Mas sempre fazemos questão de deixar claro que a nossa crítica é no sentido de fortalecer a Petrobrás como empresa pública e comprometida com as demandas populares. A empresa que surgiu da massiva mobilização do povo brasileiro, nas décadas de 1940 e 1950, em torno da campanha “O Petróleo é nosso” não pode ficar refém dos interesses dos partidos dos governantes de plantão e nem da sanha pelo lucro fácil dos acionistas. Não podemos deixar que se subestime a trajetória histórica da empresa, nem seu corpo técnico. Precisamos sim é lutar pela Petrobrás que queremos, para que todo o petróleo nacional seja explorado por uma Petrobrás 100% pública e estatal, sob controle dos trabalhadores.

No caminho de avançar rumo a Petrobrás que queremos, apoiamos a ampliação rigorosa desse processo de apuração dos casos de corrupção dentro da empresa. Temos que combater corruptos e corruptores que se apropriam de forma lesiva da riqueza coletiva do povo. Para mudar essa lógica de indicação política que favorece as negociatas, precisamos radicalizar na democracia interna. Defendemos eleição na base para os trabalhadores escolherem através do voto os diretores da companhia. A devolução de tudo que foi roubado também é fundamental. Assim como garantir estabilidade para qualquer trabalhador que tenha denúncias de desvios e de corrupção, preservando o emprego do petroleiro contra possíveis represálias da direção. Outra questão é debater a estatização das grandes construtoras, que seria uma maneira de escapar desse leque perverso de empreiteiras privadas e corruptoras. O trabalhador petroleiro não é corrupto e não aceita ser confundido com essa meia dúzia de diretores que se locupletam com recursos públicos.


Lava jato: atiraram no que viram e acertaram no que não viram

Apesar de todo o estresse da investigação da Operação Lava a Jato, ela vai fazer história como disse a presidente Dilma. Se investigar corrupção em empresas públicas e estatais já é um fato inédito no país, imagine prender não só os corruptos mas também os corruptores, haja vista governos brasileiros anteriores, que inclusive se utilizaram do Procurador Geral da República denominado pela imprensa, na época, de “engavetador”. O atual PGR, Rodrigo Janot, em um ano, apresentou 11 denúncias e 29 pedidos de inquérito ao STF.

Se da própria cobra se retira o veneno para a cura das vítimas, da operação Lava a Jato vai sair o antídoto que vai barrar a maioria da corrupção em empresas públicas e estatais. Possíveis e futuros corruptos e corruptores vão botar a barba de molho.

A grande mídia e os partidos de oposição apostaram na CPMI da Petrobrás para pegar os partidos da base do governo envolvidos em falcatruas. E aí o tiro saiu pela culatra, até o falecido ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra já foi citado como beneficiário do esquema, também citado o falecido Eduardo Campos do PSB. Como diz o ditado, jogaram m... no ventilador, sobrou pra todo mundo.

Imagine quando a CPI investigar o afundamento da Plataforma P-36 em 2001. Olha só os personagens envolvidos: Fernando Henrique era o presidente da República; seu ex-genro era diretor geral da ANP, David Zylbersztain; Phillipe Reichstul presidia a Petrobrás e já havia presidido a Globopar. A maior plataforma do mundo explodiu, adernou e afundou. 11 Petroleiros da Petrobrás morreram, nada foi investigado.

Matéria de O Globo de 12/08/13, divulgou que na época houve acusações do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-RJ), que geraram investigações envolvendo o ex-presidente da Petrobras Joel Rennó, além de Gérman Efromovich, empresário que prestava serviços de manutenção submarina para a estatal. O sindicato acusava irregularidades nas operações e nos contratos, mas, após depoimento no Congresso, não se chegou a uma conclusão. Nada foi investigado na época. A Petrobrás era presidida por Phillipe Reichstul que mandou trancar os portões da sede da Petrobrás e não recebeu as viúvas e os familiares dos 11 petroleiros mortos. Com a chegada de Lula à presidência e José Eduardo Dutra na presidência da companhia, um dos primeiros atos foi receber as viúvas e seus familiares, todos as 11 famílias foram indenizadas e garantido pela Petrobrás o financiamento da escola dos filhos das vítimas de P-36 até a universidade.

Dizem que o afundamento da Plataforma P-36 foi criminoso para que nada fosse investigado. A principal denúncia do Sindipetro-RJ sobre a P-36 é de que a Marítima, empresa responsável pela montagem da plataforma, apesar de várias irregularidades e a despeito de outros concorrentes, era a única fornecedora de plataformas para a Petrobrás. Com certeza que os principais articuladores da CPMI da Petrobrás já devem estar puxando o freio de mão para parar as investigações. A sociedade deve apoiar a presidente Dilma que tem reiterado que todos devem ser investigados! 
 
Fonte: Sindipetro-RJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário