São
inúmeras as recordações que tenho do Dr.Aguinaldo, cuja aproximação permitia-me chamá-lo pelo primeiro nome.
Quando
criança, em mais uma de minhas crises de bronquite que me obrigavam a dormir
sentado ouvindo o chiado de minha respiração, apontou o caminho para a cura: “Ivan
precisa nadar!”. E assim o fiz, durante um ano inteiro, diariamente para nunca mais sofrer uma crise sequer...
“Ivan está
com sarampo”, diagnosticou corretamente por telefone diante dos sintomas
que mamãe lhe informara, sem sequer necessitar pedir um exame. Fiquei
impressionado!
“Não é
independente, é independentemente!”, corrigiu-me quando numa sentença utilizei incorretamente
o adjetivo ao invés do advérbio...
O convite
que me fez para fotografar algumas crianças no Fernandes Figueira e situações
de insalubridade na favela da Rocinha para um de seus livros... Quanta honra!
Conscientizando-me
social e politicamente, com a sua intelectualidade e humanismo que me mostravam
quão grande um homem pode ser...
Estou profundamente triste.
Minha mãe, a enfermeira Ivone Bulhões, assim se manifestou:
" Parece que estão precisando dos melhores, lá em Cima.
A notícia é bem triste. Todos sabemos da importância e do valor de Aguinaldo, como cidadão e como profissional.
Contei com sua amizade desde que nasci, lá em Santana do Ipanema. Foi grande amigo de meu pai e, no Rio, trabalhamos juntos no Fernandes Figueira - ele foi Chefe da 5a. Enfermaria - e no Hospital dos Bancários.
Pediatra de meu filho. Meu guru político. Grande humanista. Seus filhos perderão um grande pai e eu, em particular, um extraordinário amigo."
Ao Dr. Aguinaldo,
a minha mais profunda gratidão por tudo o que fez por mim, pelo povo brasileiro e pelo Brasil!
Ivan M. Bulhões
http://www.maltanet.com.br/
24/07/2014 - 19h 07min
Santana do Ipanema perde um dos seus filhos mais ilustres
Por Dr.. José Marques de Melo
Morreu no Rio de Janeiro o Dr. Aguinaldo Nepomuceno Marques
Natural de Santana do Ipanema, cidade sertaneja do Estado de Alagoas, onde nasceu em dezembro de 1920, faleceu hoje m Niterói (RJ), o médico pediatra Aguinaldo Nepomuceno Marques, aos 93 anos de idade.
Filho de Joel Marques e Maria Nepomuceno Marques, fez seus estudos primários em estabelecimentos de ensino de Santana do Ipanema, completando a formação secundária no Colégio Diocesano de Maceió. Transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde prestou serviço militar, no período da II Guerra Mundial, ingressando depois na Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, onde obteve o diploma para o exercício da Medicina, especializando-se em Pediatria.
Retornou a Santana do Ipanema, depois de formado, em companhia da esposa Alice Bastos Marques e da filha recém nascida Aída Bastos Marques. Dirigindo o Posto de Puericultura instalado pelo poder público estadual, onde contribuiu para reduzir o índice de mortalidade infantil, uma das promessas de campanha do seu irmão, Adeildo Nepomuceno Marques, eleito prefeito municipal. Colaborou também com o Hospital da Fundação do Serviço Especial de Saúde Pública, em Pão de Açúcar e deu assistência médica à população carente de vários municípios do Polígono das Secas.
Essa experiência adquirida na assistência médico-hospitalar aos pacientes nordestinos serviu como motivação para dar continuidade aos estudos pós-graduados. Engajou-se como pesquisador no Hospital Fernandes Figueira e como cidadão no movimento nacionalista encorajado pelo jornal Semanário, dirigido por Otavio Costa, onde passou a escrever artigos sobre pediatria social.
Participando dos seminários organizados pelo ISEB – Instituto Superior de Estudos Brasileiros –, especialmente aqueles coordenados por Rolando Corbisier, Nelson Werneck Sodré e Alvaro Vieira Pinto, sentiu-se habilitado a desenvolver suas habilidades como escritor. Seu livro de estreia – Fundamentos do Nacionalismo (São Paulo, Fulgor, 1960) – alcançou muita repercussão, o que o anima a produzir a obra que o consagraria perante a opinião pública. Convidado por Enio Silveira e Alvaro Vieira Pinto escreveu De que morre o povo brasileiro? (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1963) suscitando muito interesse do público leitor, mas provocando a ira dos golpistas de 1964, que o perseguiram intensamente quando empalmaram o poder depois de 31 de março.
Fez pós-graduação em medicina social no Chile, enfeixando seus estudos e observações no livro A infância no Brasil em transformação (Petropolis, Vozes, 1973) e no manual didático Pediatria Social: teoria e prática (Rio, 1986).
O Dr. Aguinaldo N. Marques culminou seu itinerário como escritor publicando um ensaio de reflexão política – Origens e trajetórias do socialismo (Rio de Janeiro, BIZ, 1995). Ele visitou o sertão alagoano, pela última vez. em 2010, juntamente com a companheira Dilma Araújo, participando do lançamento do livro Sertão Glocal (Maceió, Edufal), onde foi publicado singular depoimento sobre sua trajetória intelectual, gravado em película cinematográfica pela filha Aída Bastos Marques (diretora do Instituto de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense) e transcrito pelo neto historiador Marcos Marques Pestana).
Homenageado pela Prefeitura e Câmara Municipal de Santana do Ipanema, ele pronunciou discurso de improviso, em que ressaltou o papel democrático ocupado pelo pai, Joel Marques, primeiro prefeito eleito de Santana do Ipanema, cuja conduta republicana desagradara figuras eminentes da comunidade local, impondo multas aos contribuintes que desobedecessem a legislação de proteção ambiental ou descumprissem a legislação trabalhista que protegia o descanso semanal remunerado dos empregados no comércio local. Por isso, teve o mandato cassado, quando foi implantado o Estado Novo, na década de 30 do século XX.
Os restos mortais do ilustre filho de Santana do Ipanema serão cremados, amanhã, dia 25 de julho, na presença de amigos, familiares e dos 4 filhos:
Profa. Dra. Aída Bastos Marques (Cineasta/UFF), Prof. Dr. Aguinaldo Marques Filho (Biólogo Marinho/UFF), Dr. Ari Bastos Marques (Administrador de Empresas), Profa. Ana Maria Bastos Marques (Pedagoga e Administradora Escolar), bem como de amigos e vizinhos fluminenses e de parentes provenientes de Alagoas, Pernambuco e outras localidades.
Natural de Santana do Ipanema, cidade sertaneja do Estado de Alagoas, onde nasceu em dezembro de 1920, faleceu hoje m Niterói (RJ), o médico pediatra Aguinaldo Nepomuceno Marques, aos 93 anos de idade.
Filho de Joel Marques e Maria Nepomuceno Marques, fez seus estudos primários em estabelecimentos de ensino de Santana do Ipanema, completando a formação secundária no Colégio Diocesano de Maceió. Transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde prestou serviço militar, no período da II Guerra Mundial, ingressando depois na Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, onde obteve o diploma para o exercício da Medicina, especializando-se em Pediatria.
Retornou a Santana do Ipanema, depois de formado, em companhia da esposa Alice Bastos Marques e da filha recém nascida Aída Bastos Marques. Dirigindo o Posto de Puericultura instalado pelo poder público estadual, onde contribuiu para reduzir o índice de mortalidade infantil, uma das promessas de campanha do seu irmão, Adeildo Nepomuceno Marques, eleito prefeito municipal. Colaborou também com o Hospital da Fundação do Serviço Especial de Saúde Pública, em Pão de Açúcar e deu assistência médica à população carente de vários municípios do Polígono das Secas.
Essa experiência adquirida na assistência médico-hospitalar aos pacientes nordestinos serviu como motivação para dar continuidade aos estudos pós-graduados. Engajou-se como pesquisador no Hospital Fernandes Figueira e como cidadão no movimento nacionalista encorajado pelo jornal Semanário, dirigido por Otavio Costa, onde passou a escrever artigos sobre pediatria social.
Participando dos seminários organizados pelo ISEB – Instituto Superior de Estudos Brasileiros –, especialmente aqueles coordenados por Rolando Corbisier, Nelson Werneck Sodré e Alvaro Vieira Pinto, sentiu-se habilitado a desenvolver suas habilidades como escritor. Seu livro de estreia – Fundamentos do Nacionalismo (São Paulo, Fulgor, 1960) – alcançou muita repercussão, o que o anima a produzir a obra que o consagraria perante a opinião pública. Convidado por Enio Silveira e Alvaro Vieira Pinto escreveu De que morre o povo brasileiro? (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1963) suscitando muito interesse do público leitor, mas provocando a ira dos golpistas de 1964, que o perseguiram intensamente quando empalmaram o poder depois de 31 de março.
Fez pós-graduação em medicina social no Chile, enfeixando seus estudos e observações no livro A infância no Brasil em transformação (Petropolis, Vozes, 1973) e no manual didático Pediatria Social: teoria e prática (Rio, 1986).
O Dr. Aguinaldo N. Marques culminou seu itinerário como escritor publicando um ensaio de reflexão política – Origens e trajetórias do socialismo (Rio de Janeiro, BIZ, 1995). Ele visitou o sertão alagoano, pela última vez. em 2010, juntamente com a companheira Dilma Araújo, participando do lançamento do livro Sertão Glocal (Maceió, Edufal), onde foi publicado singular depoimento sobre sua trajetória intelectual, gravado em película cinematográfica pela filha Aída Bastos Marques (diretora do Instituto de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense) e transcrito pelo neto historiador Marcos Marques Pestana).
Homenageado pela Prefeitura e Câmara Municipal de Santana do Ipanema, ele pronunciou discurso de improviso, em que ressaltou o papel democrático ocupado pelo pai, Joel Marques, primeiro prefeito eleito de Santana do Ipanema, cuja conduta republicana desagradara figuras eminentes da comunidade local, impondo multas aos contribuintes que desobedecessem a legislação de proteção ambiental ou descumprissem a legislação trabalhista que protegia o descanso semanal remunerado dos empregados no comércio local. Por isso, teve o mandato cassado, quando foi implantado o Estado Novo, na década de 30 do século XX.
Os restos mortais do ilustre filho de Santana do Ipanema serão cremados, amanhã, dia 25 de julho, na presença de amigos, familiares e dos 4 filhos:
Profa. Dra. Aída Bastos Marques (Cineasta/UFF), Prof. Dr. Aguinaldo Marques Filho (Biólogo Marinho/UFF), Dr. Ari Bastos Marques (Administrador de Empresas), Profa. Ana Maria Bastos Marques (Pedagoga e Administradora Escolar), bem como de amigos e vizinhos fluminenses e de parentes provenientes de Alagoas, Pernambuco e outras localidades.
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