Carta Maior, 16/01/2014
Colunistas temperam mídia com ressentimento
Daniel Quoist
Lendo os jornais diários percebo quão sábio foi o presidente Lula quando afirmou em meados de seu primeiro mandato no Planalto: "Ler jornais me dá azia!"
Basta fazer um giro em um dia qualquer do ano para se ter a impressão que vida inteligente não costuma vingar em cabeça de colunista de política e economia. São como sambas de uma nota só - a nota do pessimismo, o tempero do derrotismo, o verniz do ressentimento, a camisa de força das terceiras e quartas intenções.
Se nosso dia começou atravessado, é porque deve ter iniciado com a leitura torturante de Merval Pereira em O Globo. E é cada vez mais difícil de decifrar qual é a dele, não sabemos se Merval ainda pensa estar tratando de política ou se assumiu de vez uma assessoria de imprensa do PSDB. É generoso em sugerir pautas e mais pautas para Aécio, FHC, Alckmin, Serra. Reclama que a oposição ao PT está sempre perdendo boas oportunidades para fustigar o governo, sempre perdendo o trem das 11. E nem é de bom tom falar de trem na mesma frase em que se falam palavras como tucano, Alckmin, Serra, PSDB.
Se chega um momento em que corremos ao controle remoto para nos safarmos do telejornal, isso já é sinal de enfado com comentários da dupla William Waack e Míriam Leitão. Os dois festejam o anúncio de qualquer suposto encolhimento do PIB, se comprazem em deitar falação eufórica sobre o porquê da Copa 2014 ser destinada a monumental fracasso econômico, logístico, futebolístico.
Vá saber o que levam esses comentaristas globais a flertar mil vezes com o abismo, o terror, o pânico, a catástrofe tantas vezes proclamada e igual número de vezes adiada pelos fatos!
O jornal Folha de S. Paulo também enveredou de vez pela rota da colisão de suas editorias de opinião com a realidade brasileira.
Eliane Cantanhêde abusa de trejeitos e exercícios mentais pífios - se aponta um erro do PSDB aproveita o ensejo para descarregar 45 erros do PT! E se faz pouco caso de Aécio Neves pode esperar que a artilharia frasal de péssima pontaria será digida à presidenta Dilma Rousseff ou ao seu antecessor, o queridinho de todos os mal-humorados colunistas brasileiros, o presidente Lula. Faça o teste você mesmo.
Cantanhêde vem se especializando em apontar um e atingir outro.
É também do país dos infelizes, derrotados e amargos. A qualquer momento parece que o sol vai deixar de nascer tais as investidas contra o futuro.
Agora a Folha ganhou pedigree em matéria de escárnio político - Reinaldo Magnolli.
Sim, o nome de um e o sobrenome de outro. É que pelo azedume servido em fartas doses semanais ninguém sabe onde começa um e onde termina outro. Mas, em vez de servirem de companhia a Clóvis Rossi ou mesmo à Cantanhêde, Reinaldo Magnolli faz mesmo companhia ao Macaco Simão. com um detalhe: Simão sabe ser sério e perspicaz, além de mostrar à larga que foi bem aquinhoado de imaginação criativa.
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