sexta-feira, 8 de novembro de 2013

"Não foram por erros de geologia ou geofísica e sim por problemas de ego"

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08/11/2013               
 

A quebra da OGX é uma aula de economia política
 
 
Por Bruno Lima Rocha 
 
             

Ciclicamente apresento nesta publicação um artigo que referencio como aula viva de economia política. Quando isto ocorre, quase sempre se trata de má notícia para a economia nacional e em particular, para os recursos coletivos.

A quebra da petroleira privada OGX, controlada por Eike Batista (Grupo EBX, herdeiro de Eliezer Batista) e hoje quase falimentar, materializa alguns conceitos fundamentais para compreender o jogo real da economia e da política.

As evidências apontam para a habitual privatização de recursos públicos e a socialização de prejuízos. A distribuição desigual do acesso aos bens coletivos (de capital) se vê representada na relação entre o Estado financiador e o empresariado privado.

O BNDES jorrou oceanos de dinheiro da União para financiar vários “pacotes de bondades”, dentre estes os empreendimentos da família Batista.
Conforme matéria de O Globo (31/10/2013), o Grupo EBX já contratou R$ 10 bilhões junto ao Banco de Desenvolvimento sendo que R$ 6 já foram liberados. Tal dado materializa-se na forma quase discricionária como estes financiamentos são distribuídos.
Este procedimento aponta para o “bismarckismo tropical”, onde o Estado através do poder central e seus mecanismos de política econômica, favorecem a conglomerados específicos, também chamados de “campeões nacionais”.

Eike jamais chegou a ser o mais poderoso destes capitães de indústria, conforme é demonstrado nos vigorosos estudos da Cooperativa Eita (ver proprietários do Brasil.org.br). Mas, talvez por sua grande e heterodoxa exposição midiática, terminou como um símbolo das relações carnais entre o Estado e o agente econômico, operando a favor deste último.

Tamanha visibilidade fortalecera a “sensação de otimismo”, influenciando a roleta russa no mercado financeiro, aumentando a procura pelas ações X, gerando o temerário comportamento de manada. Agora, resta o prejuízo e o papelão para o Brasil no cenário internacional.

Como venho afirmando, o conceito de jogo real é o conjunto de manobras – legais ou nada republicanas – para além da moral convencionada e fruto da distância ou proximidade com os espaços decisórios. Separar a decisão política de processos produtivos é uma perigosa fábula para-científica, muito defendida pelos neoclássicos e neoliberais, quase sempre terminando com uma conta bilionária a ser paga pelo contribuinte.

No caso da OGX, empreendimento de Eike Batista - hoje uma notória estrela decadente do capitalismo nativo - os conceitos materializam a teoria aplicada.

Bruno Lima Rocha é cientista político.

 
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Aos meus amigos,
 
Esperando que estejam bem, aproveito para compartilhar com os amigos o meu e-mail de despedida da OGX, sendo assim, fica o e-mail de contato pessoal,

Cuidem-se bem!
 
Recebam meu saudoso abraço,
 
Ronaldo
 

Rio 15 de outubro de 2013.
 
Amanhã serei desligado da OGX quando do meu regresso das férias, após 6 anos, 1 mês e 15 dias e sendo assim, aproveito para despedir-me, agradecer ao Dr. E.Batista pela oportunidade com minha eterna gratidão e, principalmente, peço desculpas aos que já foram demitidos e quem sabe aos que serão, me refiro aquelas pessoas que não foram responsáveis pelas decisões equivocadas tomadas dentro da empresa.

Comecei no dia 1 de setembro de 2007; porém, na verdade a OGX nasceu mesmo no dia 27/11/2007 durante o bid 9 no hotel Windsor, Barra da Tijuca e as outras datas considero simbólicas pq. não tínhamos blocos; porém, tínhamos um pequeno grupo de sonhadores com metas e desafios infinitos e em caso de insucesso em tal bid provavelmente teríamos voltado para casa e a OGX provavelmente não teria nascido!! Adicionalmente antes de começar na OGX trabalhei quase 27 anos na Petrobras + 3 na Elpaso + 2 na GALP...., sendo assim, tive a oportunidade de aprender em diferentes culturas, continentes e principalmente colhi grandes amizades.

Já ouvi muitos recriminarem que durante o bid 9 deixamos muito dinheiro sobre a mesa, concordo que poderíamos ter ido mais devagar; porém, aquela foi uma situação muitíssimo especial e que estava em jogo a criação efetiva da OGX; portanto, não foi este o fato que levou a OGX a situação atual. Adicionalmente, os quase 3 meses que antecederam ao bid, trabalhamos duríssimo, muitos dias até quase meia noite, vários fins de semanas em um corredor do sétimo andar, praia do flamengo 154, sem ar condicionado (chamávamos de trincheira do Vietnam), com alguns jovens na equipe que não tinham experiência; porém, com determinação, garra, vontade de vencer, enfim foi realmente uma experiência inesquecível e ficará em minha mente até o fim da minha passagem..., sendo assim, não poderia deixar de agradecer aos que me acompanharão na trincheira (Albano Bastos, Juliana Sampol, Diogo Michelon, Paulo Barros, Carlos Fontes, Christiano Lopes e Roberto Ribeiro....) no apoio tínhamos Felipe Casalarde, Gabriel De Biase, Lucas Quevedo, Luciana Mota, Luciana Napolitano, Rose, Cleide, capitaneados pela Beth Saadi...)...../ foi uma honra e muitíssimo grato por poder compartilhar com vcs., momentos inesquecíveis - serei eternamente grato!

Iniciei pedindo desculpas, porque sinto-me extremamente envergonhado, triste pela situação atual da empresa e pelo mal que estou fazendo a diversas pessoas, por permitir que a nossa empresa chegasse a esse estágio; sedo assim, eu deveria ter falado mais, chamado mais atenção, brigado mais, respeitado menos aos gestores, para que os erros de gestão não fossem cometidos e repetidos. Aos que trabalhavam muito próximo (Juliana Sampol, Diogo Michelon, Paulo Barros, Bianca Fernandez, Jorge Figueiredo, Heitor, Albano...) sempre falei que teríamos problemas graves, infelizmente tudo saiu como infelizmente previ, a esta equipe muitíssimo grato pelos ensinamentos, pelo carinho, por me fazerem sorrir com as inúmeras pérolas que surgiam com frequência, enfim pela amizade e saibam que foi uma honra poder compartilhar todos estes anos.

Tudo começou a partir do nosso primeiro poço; ou seja, o prospecto Vesúvio, poço 1-OGX-1-RJS (que foi perfurado muito próximo a um poço antigo da Petrobras, poço este com indícios de óleo) encontrou uma coluna de óleo não lembro o net pay e com tal descoberta a OGX divulgou como fato relevante que teríamos um campo com reservas “provadas” entre 500 MMbbl de óleo e 1,5 Bbbl - enorme absurdo, jamais poderíamos ter divulgado tais números com apenas 1 poço, em um Prospecto com grande componente estratigráfico. Apesar de acreditar na sorte do principiante, seria sorte demais, provavelmente não deva existir neste planeta uma empresa privada que em seu primeiro poço tenha feito uma descoberta de tal magnitude!  Quando vi isso reclamei, falei que não deveríamos ter divulgado tais números e me chamaram de calça curta por diversas vezes, etc...

Continuando os problemas de gestão que nos levaram a tal ponto e neste caso abro um parêntesis novamente pq. também sou muito culpado apesar de não ter tido nenhum poder decisório  poderia citar alguns _”quem sou eu para julgar algo”- mais acho que principalmente os jovens devam refletir sobre o tema e jamais permitirem que tais fatos venham a ocorrer estejam onde estiverem; à saber: construir FPSOs sem saber os volumes prováveis de óleo dos campos, um número enorme de poços sem ter análises econômicas que o suportasse, a empresa não ter uma curva de aversão ao risco, não determinar uma participação ótima em cada projeto, participar 100% na grande maioria dos blocos, no caso do PAMA colocar uma sonda na locação antes da permissão do IBAMA, fazer farmin tendo dívidas para pagar, participar de um bid com aparência de empresa  que não tinha problema financeiro e depois não honrar os compromissos assumidos com a ANP, etc...enfim se eu tivesse o dom de escrever poderia fazer um livre sobre o nosso sonho de OGX. Sei também que para todas estas situações existem respostas; porém, esquecemos do  “mais si” ou “vai qui”.... se for diferente do previsto...ninguém conseguiu prever.....pq. não falamos mais....sinto-me muito culpado também e uma vez mais perdoem-me ..., sei que isto não é suficiente para diminuir a tristeza de muitas famílias.

Em resumo e voltando aos colegas mais jovens, o estágio que se encontra a empresa, e que muitas famílias estão sofrendo não foram por erros de geologia ou geofísica e sim por problemas de ego, pensamento mega, soberba, desprezo por algumas empresas, ....enfim um outro tipo de problema que infelizmente não pode ser resolvido com geologia e geofísica...!; portanto, que a lição sirva e vcs. que serão gestores no futuro ....insisto ...não permitam que fatos como estes se repitam durante vossas carreiras.

Com o meu maior respeito aproveito para desejar-lhes muitíssimo sucesso, que a família OGX cresça e se recupere o quanto antes e quem sabe eu tenha a oportunidade de compartilhar algum projeto já estando em outra empresa. Da minha parte seguirei torcendo e em contato.

Na verdade ainda não tenho nada decidido, gostaria muito de parar para ficar aproveitando mais meus netos, fazer mais trabalhos voluntário, meditar mais, respirar mais, yogar mais...; porém, dizem que sou jovem para encerrar atividades e sendo assim em algum lugar deverei ter uma nova oportunidade _ ojalá.

Muitíssimo grato pelo aprendizado, muitíssimo grato por poder compartilhar momentos inesquecíveis e que estariam no meu livro se tivesse o dom...., muitíssimo grato pelo carinho, muitíssimo grato pelos sorrisos, muitíssimo grato por existirem...!

A hora da partida sempre foi a mais difícil, já estou emocionado e ficarei ainda mais na quarta-feira ao abraçá-los, provavelmente não consiga despedir-me de todos quem sabe um outro dia....!

Com muita tristeza e envergonhado termino deixando um já saudoso abraço para toda família OGX. Se alguém se sentiu ofendido pelo que escrevi  - “na verdade não sei se fui eu ou o coração que escreveu”, saibam que não foi minha intenção ferir ninguém -longe disto, de fato preocupa-me os jovens que serão gestores amanhã e que não devem tomar decisões sem consultar seus pares e muito mais com decisões equivocadas poderão prejudicar diversas famílias, não permitam jamais que o ego aflore - sei que é dificílimo para os homens!

Sartori, Beth, Rose, Larissa e Cleide vcs. fazem parte do início de tudo - foi uma honra tê-los ao meu lado e muitíssimo grato por todo o carinho. Aos que já se foram ficam o meu respeito e gratidão.
 
Do amigo Ronaldo Baldi

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