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Carta Maior, 29/05/2014
Fracking: já fracassou na Califórnia, qual o próximo lugar?
Mike Ludwig, do Truthout
Representantes da Administração de Informação de Energia (EIA), orgão ligado ao governo federal norte-americano, informaram na quarta-feira que estão diminuindo – em 96% - a proporção estimada de petróleo que seria retirada das formações de xisto de Monterey, Califórnia.
Ambientalistas comemoram o esforço legislativo como uma tentativa de colocar o fracking californiano em moratória.
Em 2012, os oficiais federais estimaram que poderiam ser retirados 13.7 bilhões de barris de petróleo do campo de xisto em Monterey. Agora, a EIA diz que somente 600 milhões de barris de petróleo podem ser retirados usando as tecnologias existentes como tratamento com ácido e fracking, a técnica controversa que envolve forçar milhões de litros de água contendo silício e químicos para quebrar formações rochosas.
A estimativa mais nova foi baseada num estudo de 2011 feito pela EIA e assumiu que as técnicas mais recentes de extração fariam com que as reservas de Monterey fossem as mais fáceis de extrair o xisto. Mais fáceis até do que as formações do Texas e da Dakota do Norte, onde a tecnologia do fracking alimentou o boom do gás e do petróleo. Mas parece que as formações geológicas no xisto de Monterey não são tão fáceis assim de ‘furar’ por terem sido impactadas pelas atividades sísmicas.
“Com as informações que conseguimos juntar, não tivemos evidências comprovando que o uso do fracking nesse local é produtivo,” John Staub, analista da EIA, disse ao Los Angeles Times.
A estimativa de 2012 tornou as companhias petrolíferas operantes na Califórnia ainda mais apressadas em usar o fracking, entre outros métodos para explorar a área de xisto de Monterey que contém dois terços das reservas de petróleo da nação. Uma investigação da Truthout em 2013 revelou que companhias petrolíferas experimentavam o fracking em mar aberto, no canal de Santa Bárbara, e que os fiscais federais permitiam o fracking sem revisão dos possíveis impactos ambientais.
Mesmo com a oposição inabalável dos grupos ambientalistas, o governador da Califórnia, Jerry Brown, abraçou o 'boom', o qual era originalmente projetado para criar 2.8 milhões de novos empregos para o Estado e $24.6 bilhões em receita anual de impostos, de acordo com um estudo em 2013 que foi parcialmente financiado pela Associação de Petróleo dos Estados do Oeste (WSPA).
"Agora sabemos que a bonança econômica do gás de xisto prometida pelo governador Brown não virá,” disse Jennifer Krill, diretora do grupo ambiental Earthworks. "O risco ambiental do fracking perdura, mas sem nenhuma possibilidade de ganho econômico pelo Estado da Califórnia."
Sabrina Lockhart, porta-voz dos 'Californianos por um Futuro com Energia Segura' que falou com a Truthout, disse que a estimativa da EIA não significa que a Califórnia deva se afastar da produção domestica de petróleo.
“Esses números refletem o fato de que há a necessidade de avanços na tecnologia para uma extração segura de petróleo. Quando essa tecnologia estiver disponível as estimativas podem aumentar," disse Lockhart, representante um grupo pró-indústria que mobiliza a oposição por uma moratória sobre o fracking na Califórnia.
Ambientalistas, no entanto, dizem que a nova estimativa deveria soar como uma sentença de morte para o fracking
"A poluição do fracking ameaça os ares, a água e o progresso na questão climática do nosso Estado," disse Patrick Sullivan, porta-voz do Centro de Diversidade Biológica. "Companhias petrolíferas ainda utilizam o fracking e o tratamento com ácido perto das casas das pessoas em muitas comunidades. O governador Brown precisa fazer com que as indústrias de óleo parem de experimentar, no nosso solo, diferentes técnicas de exploração do solo."
Dois senadores do estado da Califórnia recentemente introduziram o SB 1132 (projeto de lei no senado), o qual iria determinar, em âmbito nacional, uma moratória sobre o fracking e outros métodos de extração. O projeto enfrenta uma batalha, tendo em vista que esforços legislativos similares falharam no passado, mas os simpatizantes da causa esperam que as novas estimativas do governo mudem isso.
"O governador Brown deveria encarar os fatos, ordenar moratória no fracking, e assim o legislativo irá passar o SB 1132," disse Krill.
Moratórias similares mantiveram o fracking sob controle em New York e Maryland. Em Vermont o fracking foi banido recentemente.
Tradução de Isabela Palhares.
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