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Blog do Santayana, 5 de setemrbo de 2016
Apertem o cinto. O bom senso sumiu!
Por Mauro Santayana
Vanessa
Graziotin foi agredida, na última semana, em um vôo de carreira da
LATAM, entre Brasília e Curitiba, pelo advogado paranaense Paulo
Henrique Rocha Loures Demchuk, que tentou arrancar de sua mão o telefone
celular com o qual a Senadora filmava as provocações que lhe eram
dirigidas por ele.
Se a Senadora não se feriu seriamente, isso não vem ao caso, para usar uma expressão muito em voga na capital paranaense.
O
que importa é a intenção por trás do fato, que, aliás, tem se repetido
insistentemente, com outros personagens e voos, desde 2013.
"Quero
ver se essa senadora vai ter coragem de pegar outro avião de novo -
rsrsrsrsrs", comentou, sobre o fato, apoiando o primeiro, um energúmeno,
em uma rede social, evidenciando que o verdadeiro propósito por trás
desses episódios - que estão longe de ser espontâneos ou descoordenados -
é pressionar, constranger, chantagear, engessar, representantes
eleitos de milhares de eleitores brasileiros, impedindo seu livre
exercício de direitos básicos do texto constitucional, como o de opinião
e de o de ir e vir.
Ora,
esse tipo de atitude, covarde, irresponsável, temerária, pode, se não
for firmemente combatida pelas autoridades, ter um efeito diametralmente
oposto.
Não
será de estranhar que políticos e parlamentares como Vanessa
Graziotin, encontrem, entre seus apoiadores - a senadora teve 672.920
votos nas últimas eleições - 10, 20, ou 30 bem fornidos eleitores para
cuidar de sua segurança em seus deslocamentos, e numerosos outros
eleitores dispostos a financiar, por meio de doações, o salário ou a
ajuda de custo desses guarda-costas e o seu transporte, para preservar a
dignidade e incolumidade pessoal de quem mereceu seus votos no último
pleito.
O
sujeito que provoca uma figura pública - não interessando a que
orientação política ou partido pertença - precisa entender que quem está
ali não é um cidadão comum, mas milhares, dezenas de milhares, centenas
de milhares de brasileiros, portadores de um documento chamado título
eleitoral, que o escolheram, entre muitos outros, e que a ele
transmitiram, pelas urnas, a inquestionável autoridade e o poder
intransferível de seu voto.
Da mesma forma, devem agir todos os funcionários do Estado diante de um representante eleito.
Atrás
de cada deputado, prefeito, senador, governador, presidente, existem
milhares, dezenas de milhares, milhões de outros brasileiros que exigem
que sua vontade seja respeitada, e que se estivessem ali, no caso de
Vanessa Graziotin, teriam linchado o advogado do episódio em segundos,
em reação ao desrespeito e à agressão sofrida pela pessoa que elegeram
para representá-los e defender seus interesses no Congresso Nacional.
É contra
isso, o contrato social do voto - o único que pode garantir um mínimo de paz e
liberdade em um país com 206 milhões de habitantes e as proporções do Brasil -
estabelecido pelo reconhecimento do poder da maioria, que se levanta e se
insurge, da forma mais tosca e imbecil, o incipiente e ridículo fascismo
tupiniquim.
Em
nota, depois do ocorrido, o agressor, invertendo os papéis, tentou se
fazer de vítima (de filmagem não autorizada), e aproveitou para fazer
profissão de fé do fascismo rasteiro e desinformado e do "achincalhe"
como arma política, dizendo que "no momento em que o estado brasileiro e
seus funcionários de alto escalão são responsáveis pelos maiores crimes
da história do Brasil" (errado, o "estado", como a ele se refere
Demchuk, dando ao termo ares ideológicos, não pode ser responsabilizado
por crimes de bandidos antigos, como Paulo Roberto Costa e Alberto
Youssef, este já liberado outra vez pelo Juiz Sérgio Moro) e os maiores
crimes já cometidos no Brasil foram os de tortura e assassinato
cometidos pela corja reunida à sombra da ditadura militar; "é
fundamental que o cidadão os antagonize (hostilize), é fundamental que o
cidadão se oponha à autoridade (do voto), (normalmente ilegítima e
irracional) (qual seria, para o advogado, a autoridade "legítima e
racional" então? A do estado, que ele parece odiar e desprezar?
"Nesses
momentos - prossegue o agressor - o ato de achincalhar não apenas
integra o movimento político (sic) (que "movimento" político? o
fascista?) como é inerente a ele...
Para
a população (que população, a fascista? ) que não detêm poder
instituído (detêm sim, por meio do voto) o ato de achincalhar (irritar,
insultar, agredir?) é uma bela (para o fascismo, toda violência desatada
e estúpida é bonita) forma de demonstrar seu descontentamento contra os
parasitas (que parasitas? os banqueiros, que levam 14% do dinheiro dos
impostos, certos funcionários públicos que ganham muito acima que o teto
constitucional, ou os grandes sonegadores, que desviam 500 bilhões de
reais por ano?)
Ora,
está explicado porque ele e outros imbecis do movimento a que, parece,
pertence, odeiam a "política" e a autoridade advinda da soberania da
vontade popular.
Porque - pelo menos até agora - eles não têm votos.
E
não aceitam que tenham voto aqueles que não pensam exatamente como eles
e que resistem, bravamente, à sua constante pressão e provocação, sem
se acovardar.
Porque
eles não têm mais força do que a da provocação rasteira, chula, de um
bando de idiotas se esforçando para aparecer, repetindo paradigmas
hipócritas e informações falsas, tentando insultar quem está sentado, em
frente, em outra poltrona do avião.
A
pseudo força de três ou quatro sujeitos que acham - como ocorre no caso
do próprio país - que representam a maioria dos passageiros, quando os
eleitores que apoiam e votaram na mulher que estão tentando atacar
covardemente encheriam tranquilamente 5.000 aviões do mesmo modelo
daquele em que essa estúpida e miserável agressão aconteceu.
Resta
saber o que vai ocorrer quando "políticos", artistas, intelectuais e
lideranças de movimentos sociais que estão sendo atacados optarem por
andar com 10 ou 20 seguranças como escolta.
Quando os que tiverem opinião contrária a eles passarem a fazer o
mesmo.
E
quando dois desses grupos se encontrarem em plena viagem e qualquer um
dos lados - normalmente o mais estúpido, arrogante e ignorante -
partir para a provocação e a violência.
É
por isso que, independente de sua opinião política, caro leitor - seja
você petista ou antipetista, de direita ou de centro, vira-latista ou
nacionalista ou um funcionário da Infraero ou da Polícia Federal - que é
preciso assegurar que esses agressores sejam exemplarmente punidos e
processados - como não ocorreu depois do vôo para Curitiba - a cada vez
que eles provoquem ou agridam alguém durante um vôo, antes que haja uma
reação à altura, e em cadeia, e ocorra uma tragédia de grandes
proporções.
Porque,
agindo como estão agindo, eles não estão colocando em risco apenas a
segurança de quem eventualmente estejam insultando e agredindo, mas a
sobrevivência de toda a aeronave, de todos os passageiros, de toda a
tripulação.
Será
que haverá um maluco fascista nesse avião? Será que ele vai surtar e
agredir alguém ? Será que esse alguém - ou a sua segurança - vai reagir ?
Será que mais alguém vai entrar na briga ? Será que alguém pode estar
armado nesse voo? Será que ele vai disparar um ou dois tiros ? Será que o
avião vai cair?
Pense
nessas possibilidades - que não estão no manual de instruções que se
encontra na bolsa da poltrona à sua frente - antes de iniciar uma
discussão política a bordo de uma aeronave comum de passageiros.
Ou
da próxima vez que você estiver entrando, ou embarcando seu filho, sua
filha, sua mãe, em um avião de carreira, neste absurdo Brasil em que
estamos vivendo hoje.
Nunca
é demais lembrar - recorrendo ao bom senso no lugar do senso comum
sórdido, hipócrita e tosco que está se espalhando como um vírus pelo
país - que um avião lotado, principalmente se estiver em pleno voo, não é
o melhor lugar para a prática desse tipo de babaquice.
Ou é ?
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