quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Se enganam aqueles que consideram ter seu espaço no bonde da direita

 



 
 

 
Blog do Santayana, 13 de fevereiro de 2015




As últimas da boataria



Por Mauro Santayana



Ao mesmo tempo em que aperta a estratégia de convocação de manifestações contra o governo, a direita se esmera em soltar, com a regularidade de quem serve, todos os dias, de seu próprio forno, o "pão" que o diabo amassou, novos factoides destinados a confundir e assustar a opinião pública. 

Mensagens na internet espalham a tese de que o ex-presidente Lula - já acusado de ser dono da Friboi e de outros negócios milionários - teria recebido bilhões em comissões de empréstimos concedidos a grandes empresas pelo BNDES, e torpedos enviados em massa pelo What's Up aconselham os incautos a retirarem o dinheiro de suas contas de poupança na Caixa Econômica Federal, porque o governo estaria preparando-se para confiscar os depósitos a partir do mês que vem.

Enquanto isso, a "situação", como nos últimos 12 anos, faz cara de que não é com ela. E a tão decantada militância do principal partido da base aliada prima pela ausência nas redes sociais e nos principais portais, como se de repente tivesse sido transportada para a época do telégrafo e da máquina a vapor.
 
 
 
 




​Blog do Santayana, 18 de fevereiro de 2015




De confiscos e de impeachments



Por Mauro Santayana




Anteontem, cerca de 200 pessoas se reuniram na Avenida Paulista, para pedir uma "intervenção" militar, com a derrubada do governo. No Whatsapp convocam-se brasileiros para saírem às ruas pelo impeachment da Presidenta da República; para que não se abasteça em postos da Petrobras - as multinacionais penhoradamente agradecem - e alerta-se a população para que retire seu dinheiro da CEF, porque o governo vai confiscar o que estiver depositado nas contas de poupança da instituição, que  teve um crescimento de mais de 22% em sua carteira de crédito, 7 bilhões de reais em lucro e  uma inadimplência de apenas 2.56% em 2014.

É preciso lembrar que, caso Dilma saia, será o PMDB  que continuará a governar o país. O poder não será entregue aos anti-petistas mais radicais ou aos militares como - dentro e fora da internet - defendem alguns. 

Seria o PMDB, e não a oposição, que conduziria uma eventual (cada vez mais distante) reforma política. E ele provavelmente lançaria candidato próprio daqui em 2018.  

Além disso, na remotíssima possibilidade de que fosse aprovado o impeachment da Presidente da República, ele só atingiria a a prória Presidente, e não o PT, como partido.  

Nesse caso, alguém acredita que Lula deixaria de se lançar Presidente, contando com uma militância muitíssimo mais aguerrida pela promulgação - para todos os que votaram em Dilma e no PT- do que seria encarado como um golpe branco?

A oposição - principalmente a mais preparada - precisa, até mesmo em benefício da democracia, e da sua própria sobrevivência política, construir um projeto alternativo para o país que vá além da permanente criminalização do Partido dos Trabalhadores.

Primeiro, porque - como se vê por escândalos de outras agremiações políticas, incluído o da Petrobras  - sempre sobra um estilhaço para quem joga pedra nos outros e tem telhado de vidro.

Em segundo lugar, porque a bateria de ataques, constantes, repetitivos, contundentes, que está ocorrendo, a cada dia, a cada hora, sem descanso, pode, pelo exagero, acabar levando a maioria da população a identificar, neles, apenas mais uma espécie de conspiração contra o governo, fazendo com que a popularidade do Palácio do Planalto termine por se recuperar, mais tarde, como ocorreu em outras ocasiões em que a destruição do PT era tida como certa,  como nas manifestações de 2013, e no massacre institucional do "mensalão".   

E, finalmente, porque se enganam aqueles que acham que a direita vai reservar lugar, no seu bonde, para eles.

A direita é, por natureza, radical, impiedosa e excludente.

Quando ela - ou melhor, o seu extremo - se organizar institucionalmente, seu discurso será claramente fascista, inequívoco, e antidemocrático, o que poderá dificultar certas alianças.

E ela terá seu próprio projeto, partido e candidato - convenientemente engordados pelo discurso anticomunista e "anti-bolivariano" de agora - para entrar na disputa.
 

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