Blog do Santayana, 10/12/2014
O espaço e a soberania
Por Mauro Santayana
Depois de dois fracassos em outubro – a explosão do cargueiro espacial Antares que se dirigia à Estação Espacial Internacional, durante a decolagem, e a queda do Spaceship Two,
da Virgen Galactics, em voo de teste que deixou um morto - os EUA
lançaram, com êxito, na última sexta-feira, a primeira versão de sua
nova espaçonave Orion, que, segundo informado, poderia levar um dia uma tripulação humana a Marte.
No domingo foi a vez do Brasil superar o acidente com o satélite CBERS-3, ocorrido em dezembro do ano passado, quando do seu lançamento por um foguete Longa Marcha, com o sucesso da colocação em órbita do satélite CBERS-4, que já está funcionando.
Mais novo satélite de uma parceria entre o Brasil e a China que começou no final da década de 1980, o CBERS-4 teve 50% de seus componentes fabricados no Brasil, entre eles, duas das quatro câmeras, fabricadas pelas empresas Opto Eletrônica e Equatorial: a Multiespectral Regular (MUX), de média resolução; e a de Campo Largo (WFI), de baixa resolução, que se somaram às câmeras chinesas Pancromática e Multiespectral (PAN), de alta resolução; e a Multiespectral e Termal (IRS),
também de média resolução e infravermelha, além do gravador de dados
digitais, da estrutura do satélite, do sistema de fornecimento de
energia e do sistema de coleta de dados ambientais.
Além
dos feitos com a China, o Brasil constrói seus próprios satélites, como
o Amazônia-1, está montando um novo satélite de defesa e comunicações, e
outro, com a Argentina, voltado para estudos oceanográficos.
A
conquista do espaço é uma questão de soberania. Desde 2010, quando
aposentaram seus táxis espaciais, os Estados Unidos, por exemplo, têm
dependido, vergonhosamente, de naves de um país que consideram seu
arqui-inimigo, a Rússia, para colocar seus astronautas na órbita
terrestre, na Estação Espacial Internacional.
Com o lançamento bem sucedido do CBERS-4,
com a China, e o desenvolvimento e fabricação de metade dos
sofisticados sistemas que ele leva a bordo, o Brasil dá um passo
gigantesco no domínio da construção de satélites de monitoramento remoto
da superfície terrestre, capacitando-se para a construção local de
engenhos semelhantes, voltados para a vigilância de nosso solo e a
defesa de nossas fronteiras.
Mas
é preciso fazer mais. Urge aumentar a cooperação, nesse campo, com os
países do BRICS, como a Índia, que acaba de mandar uma sonda espacial a
Marte, a Rússia e a própria China. Devemos modernizar as bases de
lançamento de Alcântara, no Maranhão, e de Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte, e revitalizar a AEB – Agência Espacial Brasileira, e o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
E precisamos, também, dar prosseguimento ao projeto do novo VLS – Veículo Lançador de Satélites (as redes elétricas e os sistemas de navegação deverão ser testados no segundo semestre de 2015) e dos VLS-Alfa e VLS-Beta, seus sucessores.
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