quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Raspou pelos, mas não trocou de pele




Quinta-Feira, 17 de Novembro de 2011


LULA , OS PELOS E A PELE

Em mais de trinta anos de vida política, Lula foi virado no avesso pelo conservadorismo nativo. A direita e seus ventríloquos  midiáticos , com maior ou menor dose de recato,e em alguns casos sem nenhum ,  submeteram  a sua alma, seu coração e seus pensamentos, ademais de manifestações  explícitas de natureza política, a uma tomografia ininterrupta.  Lula ficou nu. Não escaparam seu passado e o futuro - especulado e várias vezes sepultado precocemente , bem como o presente dos parentes próximos ou distantes, amigos , companheiros e colaboradores mais estreitos. 
A sofreguidão  frustrou-se a cada golpe desmascarado, cada fraude  e calúnia esfareladas.  A cada suposto revés  definitivo o vínculo  do líder com a sociedade estreitou-se. De um lado cresceu o mito; de outro, recrudesceu o ódio respingado agora da boca dos mais afoitos no episódio do câncer  que o acometeu.
O segredo de sua liderança, como ele próprio sintetizou um dia a seu modo, decorre de ser uma assumida construção coletiva do povo brasileiro com o qual estabeleceu um vínculo feito de lutas, conquistas, erros e acertos.  Ao se depilar  publicamente agora pelas mãos da esposa, antecipando-se a colaterais da quimioterapia,  Lula  reitera a confiança nesse laço que se sobrepõe às aparências e às versões. Ontem, ele  foi vital para vencer o cerco político. Hoje , emanará energia positiva por parte daqueles que sabem enxergar além das aparências: Lula raspou pelos, mas não trocou de pele.

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