Opera Mundi, 20 de junho de 2016
'Maçã do mundo' - O primeiro globo terrestre
Por Max Altman
O Globo de Behaim, também conhecido como Globo de Nuremberg, seguiu a ideia de um globo construído por volta de 1475 para o papa Sisto IV, porém melhorando a representação e incluindo meridianos e a linha do Equador. Este globo, de cerca de 50 centímetros de diâmetro, encontra-se conservado em sua cidade natal.
Em Nuremberg, em 20 de junho de 1492, ou seja, algumas semanas antes da
descoberta do "Novo Mundo", o cartógrafo e navegador Martin Behaim
conclui a construção do primeiro globo terrestre. Em colaboração com o
pintor Georg Glockenthon, Behaim o construiu entre 1491 e 1493 quando da
sua permanência em Nuremberg, denominando-o de “Erdapfel”, ou seja,
“maçã do mundo”. O original está hoje em exibição no Germanisches
Nationalmuseum de Nuremberg e é uma das obras de arte mais descritas da
Europa.
O Globo de Behaim, também conhecido como Globo de Nuremberg, seguiu a ideia de um globo construído por volta de 1475 para o papa Sisto IV, porém melhorando a representação e incluindo meridianos e a linha do Equador. Este globo, de cerca de 50 centímetros de diâmetro, encontra-se conservado em sua cidade natal.
A rotundidade da Terra, posta em evidência dois mil anos antes, não era
mais dúvida para ninguém. Entretanto, houve necessidade de mais meio
século para compreender, a partir de Copérnico, que a Terra é que gira
em torno do Sol e é só um planeta em meio a outros.
É certo que os sumerianos, devotados à astronomia e que viviam na Mesopotâmia 3 mil anos antes de Cristo, representavam a Terra como um disco chato pousado sobre um oceano sem limites.
Foi somente no século 5 a.C., ao tempo de Péricles, que filósofos gregos como Pitágoras e Parmênides começaram a representar a Terra sob a forma de uma esfera, cuja representação lhes parecia coerente com a curvatura do horizonte.
Conhecendo a distância entre as duas cidades e desprezando a diferença de inclinação dos raios solares, deduz que nosso planeta tem uma circunferência de 250 mil estádios, ou seja, praticamente 40 mil quilômetros, medida muito próxima da atualmente admitida.
A geografia de Claudio Ptolomeu, um grego de Alexandria, retoma as conclusões dos sábios que lhe antecederam. Graças a essa obra bem conhecida dos eruditos da Idade Média, a rotundidade da Terra iria ser ensinada nas universidades ocidentais a partir do século 13 e somente religiosos sectários ou ignorantes a negariam ou ignorariam.
Em 1410, o teólogo francês Pierre d'Ailly publica uma obra de cosmografia de grande difusão: Imago Mundi. Continuamente reeditada e enriquecida durante todo o século 15, sintetiza a visão medieval do mundo.
Segundo a Imago Mundi, as terras emergentes, todas reagrupadas na metade norte do globo terrestre, estão cercadas por um imenso rio, o “Mar Oceano”, salpicado de ilhas cada qual com uma singularidade, com habitantes como pigmeus, ciclopes, cinocéfalos — homens com cabeça de cão — antropófagos, etc. O equador marca o limite que é impossível ao homem ultrapassar.
À época de Cristóvão Colombo, os eruditos, navegantes e geógrafos conheciam tão bem o Imago Mundi quanto a geografia de Ptolomeu. Indagavam-se somente sobre a extensão do “Mar Oceano” que supostamente separava a Europa da Ásia.
Ora, Ptolomeu, em sua célebre Geografia, estabeleceu para a circunferência da Terra um valor claramente inferior ao de Eratóstenes, da ordem de 180 mil estádios ou 33 mil quilômetros.
Com base nisso, o astrônomo florentino Paolo Toscanelli produziu em 1468, para atender o rei de Portugal, uma carta que mostrava a Europa separada do Extremo Oriente por um oceano de somente 10 mil quilômetros de extensão, tendo em seu meio uma ilha mítica denominada Antilha.
Esse mapa induziria Colombo a erro, subestimando drasticamente a distância que separava, a oeste, a Europa do Extremo Oriente. De todo modo, o navegador genovês ousaria empreender a viagem que o levaria a descobrir um Novo Mundo.
É certo que os sumerianos, devotados à astronomia e que viviam na Mesopotâmia 3 mil anos antes de Cristo, representavam a Terra como um disco chato pousado sobre um oceano sem limites.
Foi somente no século 5 a.C., ao tempo de Péricles, que filósofos gregos como Pitágoras e Parmênides começaram a representar a Terra sob a forma de uma esfera, cuja representação lhes parecia coerente com a curvatura do horizonte.
Por volta de 230 a.C., o astrônomo e matemático Erastótenes confirma
brilhantemente a rotundidade da Terra e, ademais, mede sua
circunferência com incrível precisão. Num primeiro momento, atenta no
solstício de verão o momento em que o Sol está em seu zênite e se
refletia nas águas de um poço muito fundo na cidade de Syene, hoje
Assuã, Egito, que ficava exatamente no limite da zona tropical e no
mesmo meridiano de Alexandria. Num segundo tempo, no mesmo dia do ano e
no mesmo momento mede em Alexandria, a mil quilômetros ao norte, a
sombra projetada por uma vara na vertical.Conhecendo a distância entre as duas cidades e desprezando a diferença de inclinação dos raios solares, deduz que nosso planeta tem uma circunferência de 250 mil estádios, ou seja, praticamente 40 mil quilômetros, medida muito próxima da atualmente admitida.
A geografia de Claudio Ptolomeu, um grego de Alexandria, retoma as conclusões dos sábios que lhe antecederam. Graças a essa obra bem conhecida dos eruditos da Idade Média, a rotundidade da Terra iria ser ensinada nas universidades ocidentais a partir do século 13 e somente religiosos sectários ou ignorantes a negariam ou ignorariam.
Em 1410, o teólogo francês Pierre d'Ailly publica uma obra de cosmografia de grande difusão: Imago Mundi. Continuamente reeditada e enriquecida durante todo o século 15, sintetiza a visão medieval do mundo.
Segundo a Imago Mundi, as terras emergentes, todas reagrupadas na metade norte do globo terrestre, estão cercadas por um imenso rio, o “Mar Oceano”, salpicado de ilhas cada qual com uma singularidade, com habitantes como pigmeus, ciclopes, cinocéfalos — homens com cabeça de cão — antropófagos, etc. O equador marca o limite que é impossível ao homem ultrapassar.
À época de Cristóvão Colombo, os eruditos, navegantes e geógrafos conheciam tão bem o Imago Mundi quanto a geografia de Ptolomeu. Indagavam-se somente sobre a extensão do “Mar Oceano” que supostamente separava a Europa da Ásia.
Ora, Ptolomeu, em sua célebre Geografia, estabeleceu para a circunferência da Terra um valor claramente inferior ao de Eratóstenes, da ordem de 180 mil estádios ou 33 mil quilômetros.
Com base nisso, o astrônomo florentino Paolo Toscanelli produziu em 1468, para atender o rei de Portugal, uma carta que mostrava a Europa separada do Extremo Oriente por um oceano de somente 10 mil quilômetros de extensão, tendo em seu meio uma ilha mítica denominada Antilha.
Esse mapa induziria Colombo a erro, subestimando drasticamente a distância que separava, a oeste, a Europa do Extremo Oriente. De todo modo, o navegador genovês ousaria empreender a viagem que o levaria a descobrir um Novo Mundo.
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