Carta Maior, 01/10/2015
Estados Unidos: uma democracia dos ricos para os ricos
PorManuel E. Yepe
“Pela primeira vez na história, o Congresso está dominado por uma
maioria de milionários. Se comparamos a média entre os congressistas com
a média de renda do cidadão comum estadunidense, esse congressista é 14
vezes mais ricos que o cidadão comum. Os representantes da cidadania
estão totalmente desconectados da luta diária da maioria das pessoas,
que vive entre um salário e outro, presas na armadilha desgastante da
luta cotidiana por sobreviver”.
“Ainda que se suponha os Estados Unidos como uma república representativa, essas pessoas ganham salários de seis cifras e habitam um mundo isento de multas, com academia grátis e atenção de saúde prioritária, trabalham apenas duas ou três vezes por semana, fazem 32 viagens dentro do país por ano, totalmente reembolsadas – sem contar as viagens ao exterior – recebem descontos em restaurantes e estão isentas de impostos nas lojas Capitol Hill, com estacionamento reservado no aeroporto nacional de Washington, flores frescas gratuitas nos jardins botânicos e assistência também gratuita na preparação de suas declarações de imposto de renda. Eles nem representam nem servem aos estadunidenses. Em vez disso, se autoproclamaram os amos do povo”.
Segundo uma reportagem de Dan Eggen para o diário The Washington Post: “as novas cifras mostram que existe uma clara e tendência de acumulação de riqueza no Congresso, que não é recente e está levando a casa a ser integrada majoritariamente por milionários e quase milionários, gente que possui várias casas e bens fora do alcance da maioria dos eleitores que representam”.
“Muitos dos nossos políticos vivem como reis. Passeiam em luxuosas limusines, voam em aviões privados e consomem comidas gourmet, uma vida bem distante da realidade dos que eles pretendem representar, mas financiada por esses contribuintes estadunidenses. Esse luxuoso estilo de vida torna ainda mais difícil identificá-los como cidadãos comuns, que vivem de salário em salário, e que mantêm o país com o dinheiro que ganharam duramente, com o suor do seu trabalho”.
Como comentou o renomado economista Joseph Stiglitz, em entrevista para a revista Vanity Fair, “praticamente todos os senadores dos Estados Unidos e a maioria dos representantes da Câmara, integram o 1% mais rico do país, são protegidos em seus cargos pelo financiamento dado em campanha por outros integrantes desse 1%, e sabem que se defendem corretamente os interesses desse 1% serão recompensados quando deixem seus cargos. Em geral, as autoridades do poder executivo em matéria de política comercial e econômica também integram o 1%."
Lamentavelmente, segundo Whitehead, a política eleitoral tem sido tão profundamente corrompida pelo dinheiro corporativo que há poucas possibilidades de que mesmo uma pessoa bem-intencionada possa promover uma mudança real no Congresso. O caminho das urnas, seja para o Salão Oval seja para o Capitólio, é bastante caro e até mesmo a linha de partida está disponível somente para os ricos ou aqueles apoiados pelos ricos.
No âmbito das eleições presidenciais de 2012, os dois grandes setores da política, democratas e republicanos, gastaram bilhões de dólares para promover seus candidatos.
Uma vez eleitos, esses burocratas ricos já privilegiados entram num mundo de privilégios ainda maior, vergonhosamente financiados pelos contribuintes estadunidenses. Todos eles, tanto democratas quanto republicanos, se aproveitam ao máximo do que a imprensa costuma descrever como “uma montanha de mordomias com as que a maioria das grandes fortunas do mundo não poderia rivalizar”.
Até mesmo os conselheiros mais próximos ao presidente Obama são milionários, incluindo os quinze membros do seu gabinete. Depois, estão os grupos de pressão – se estima que existem 26 lobistas por congressista circulando por Washington, fonte de muita corrupção, tráfico de influência e pagamento de propina.
Para Whitehead, essa pressão é alimentada pelo estilo de vida do Congresso, que exige que os congressistas passem a maior parte do seu tempo arrecadando fundos para campanhas, e não respondendo as necessidades dos seus eleitores. “A pessoa dedica a metade do seu tempo a pedir dinheiro a indivíduos ricos e a outros interesses especiais, e isso leva inevitavelmente a se desconectar dos problemas que estão presentes no país”.
Segundo Brad Miller, representante democrata do estado da Carolina do Norte, “estamos diante de um sistema de governo oligárquico, um sistema dos ricos, pelos ricos e para os ricos. Se não pudermos garantir a sobrevivência do nosso suposto governo representativo, a primeira coisa que deveríamos fazer es arrancar o controle deste das mãos da elite endinheirada que o dirige”.
Tradução: Victor Farinelli
Essa é a observação de John W.
Whitehead, presidente do Instituto Rutherford, em seu livro “A
Government of Wolves: The Emerging American Police State” (“Um governo
de lobos: emerge o estado policial estadunidense”).
“Ainda que se suponha os Estados Unidos como uma república representativa, essas pessoas ganham salários de seis cifras e habitam um mundo isento de multas, com academia grátis e atenção de saúde prioritária, trabalham apenas duas ou três vezes por semana, fazem 32 viagens dentro do país por ano, totalmente reembolsadas – sem contar as viagens ao exterior – recebem descontos em restaurantes e estão isentas de impostos nas lojas Capitol Hill, com estacionamento reservado no aeroporto nacional de Washington, flores frescas gratuitas nos jardins botânicos e assistência também gratuita na preparação de suas declarações de imposto de renda. Eles nem representam nem servem aos estadunidenses. Em vez disso, se autoproclamaram os amos do povo”.
Segundo uma reportagem de Dan Eggen para o diário The Washington Post: “as novas cifras mostram que existe uma clara e tendência de acumulação de riqueza no Congresso, que não é recente e está levando a casa a ser integrada majoritariamente por milionários e quase milionários, gente que possui várias casas e bens fora do alcance da maioria dos eleitores que representam”.
“Muitos dos nossos políticos vivem como reis. Passeiam em luxuosas limusines, voam em aviões privados e consomem comidas gourmet, uma vida bem distante da realidade dos que eles pretendem representar, mas financiada por esses contribuintes estadunidenses. Esse luxuoso estilo de vida torna ainda mais difícil identificá-los como cidadãos comuns, que vivem de salário em salário, e que mantêm o país com o dinheiro que ganharam duramente, com o suor do seu trabalho”.
Como comentou o renomado economista Joseph Stiglitz, em entrevista para a revista Vanity Fair, “praticamente todos os senadores dos Estados Unidos e a maioria dos representantes da Câmara, integram o 1% mais rico do país, são protegidos em seus cargos pelo financiamento dado em campanha por outros integrantes desse 1%, e sabem que se defendem corretamente os interesses desse 1% serão recompensados quando deixem seus cargos. Em geral, as autoridades do poder executivo em matéria de política comercial e econômica também integram o 1%."
Lamentavelmente, segundo Whitehead, a política eleitoral tem sido tão profundamente corrompida pelo dinheiro corporativo que há poucas possibilidades de que mesmo uma pessoa bem-intencionada possa promover uma mudança real no Congresso. O caminho das urnas, seja para o Salão Oval seja para o Capitólio, é bastante caro e até mesmo a linha de partida está disponível somente para os ricos ou aqueles apoiados pelos ricos.
No âmbito das eleições presidenciais de 2012, os dois grandes setores da política, democratas e republicanos, gastaram bilhões de dólares para promover seus candidatos.
Uma vez eleitos, esses burocratas ricos já privilegiados entram num mundo de privilégios ainda maior, vergonhosamente financiados pelos contribuintes estadunidenses. Todos eles, tanto democratas quanto republicanos, se aproveitam ao máximo do que a imprensa costuma descrever como “uma montanha de mordomias com as que a maioria das grandes fortunas do mundo não poderia rivalizar”.
Até mesmo os conselheiros mais próximos ao presidente Obama são milionários, incluindo os quinze membros do seu gabinete. Depois, estão os grupos de pressão – se estima que existem 26 lobistas por congressista circulando por Washington, fonte de muita corrupção, tráfico de influência e pagamento de propina.
Para Whitehead, essa pressão é alimentada pelo estilo de vida do Congresso, que exige que os congressistas passem a maior parte do seu tempo arrecadando fundos para campanhas, e não respondendo as necessidades dos seus eleitores. “A pessoa dedica a metade do seu tempo a pedir dinheiro a indivíduos ricos e a outros interesses especiais, e isso leva inevitavelmente a se desconectar dos problemas que estão presentes no país”.
Segundo Brad Miller, representante democrata do estado da Carolina do Norte, “estamos diante de um sistema de governo oligárquico, um sistema dos ricos, pelos ricos e para os ricos. Se não pudermos garantir a sobrevivência do nosso suposto governo representativo, a primeira coisa que deveríamos fazer es arrancar o controle deste das mãos da elite endinheirada que o dirige”.
Tradução: Victor Farinelli
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