Sábado, 15 de dezembro de 1962, faltavam apenas 2 dias para eu
completar 3 meses de idade....
E meu Botafogo, com o 'Alegria do Povo' comandando a goleada, sagrava-se mais uma vez campeão .
Viva o time da Estrela Solitária!
Glória eterna ao divino Mané Garrincha!
http://botafogo.com.br/ noticia_interna.php?cat= oclube&session=1820&subtag= Mem%C3%B3ria
E meu Botafogo, com o 'Alegria do Povo' comandando a goleada, sagrava-se mais uma vez campeão .
Viva o time da Estrela Solitária!
Glória eterna ao divino Mané Garrincha!
http://botafogo.com.br/
Garrincha abre o placar no Maracanã em 15.dez.1962
Botafogo 3 x 0 Flamengo - Maracanã, 15.dez.1962
Em 1962, título inesquecível do Botafogo com show de Garrincha na final
Por Auriel de Almeida - Historiador
O ano era 1962 e Garrincha, já consagrado ídolo do futebol brasileiro, havia acabado de comandar a Seleção Brasileira na conquista da Copa do Mundo do Chile. Junto com seus companheiros de Botafogo e seleção – Nílton Santos, Didi, Zagallo e Amarildo – o craque teve apenas quinze dias de descanso antes do início do Campeonato Carioca.
Já sofrendo com problemas no joelho, que acabariam com sua carreira, e cansado de tanta festa, Mané Garrincha e seus colegas sentiram os efeitos da desgastante temporada, e começaram a competição estadual em ritmo lento. O Botafogo chegou a perder na estreia para o fraco Campo Grande, por 1 a 0, e conseguiu desperdiçar seis pontos nas primeiras seis rodadas. Mas aos poucos a equipe se ajeitou, e chegou à última rodada em condições de conquistar o título, contra o Flamengo.
O Botafogo era o favorito, mas o ponto de vantagem do Rubro-negro, que conquistava o título com um empate, ajudava a equilibrar os prognósticos. E a expectativa fez o Maracanã receber um daqueles públicos históricos: mais de 150 mil pessoas foram assistir à partidaça entre os tradicionais rivais, que acabaria sendo, para muitos, a última grande exibição de Garrincha.
O Jogo
O Flamengo começou bem a partida, demonstrando não estar acomodado com a vantagem do empate. Mas era visível o nervosismo dos rubro-negros, em contraste com a tranquilidade dos botafoguense, e não tardou para que o Glorioso controlasse a partida. Logo aos 10 minutos, Amarildo recebeu a bola em contra-ataque e lançou em profundidade para Garrincha, que avançou, passou por Jordan, e chutou cruzado: 1 a 0 para o Botafogo. O ídolo, eufórico, pulou sobre os jornalistas, gritando, em misto de promessa e profecia: “É gol! É gol! Vamos marcar mais!”.
A rápida perda da vantagem abalou o Flamengo, mas os rubro-negros seguiram lutando. E se animaram um pouco quando Amarildo se machucou – sem poder ser substituído, o artilheiro foi deslocado para a ponta-direita, passando Mané Garrincha para o centro. A equipe da Gávea voltou a crescer e aumentar sua presença na área, mas sem grande poder de penetração. E quando o técnico do Botafogo, Marinho Rodrigues, resolveu devolver Mané para a ponta-direita, o time fez mais um gol. Gérson e Jordan não conseguiram conter mais um avanço do craque pela direita, este cruzou alto e um assustado Vanderlei tentou cortar e cabeceou para o próprio patrimônio: 2 a 0 para o Glorioso, a 10 minutos do fim do primeiro tempo. O bicampeonato alvinegro estava muito bem encaminhado.
O desesperado Flamengo, cujo mérito foi nunca desistir, passou a cruzar a bola para a área, inutilmente. E sem conseguir assustar o Botafogo com a pelota nos pés ou no chuveirinho, recebeu o golpe de morte logo no segundo minuto da etapa final, quando Zagallo cruzou para Quarentinha, este acertou um belo voleio, mas a bola bateu no peito do goleiro Fernando. Mané estava lá, e pegou a sobra para marcar o terceiro tento da noite: 3 a 0 no placar, e título garantido.
A grande vantagem fez os botafoguenses abusarem da sorte. Já satisfeitos com o placar, o clube passou a tocar a bola, aos sons do coro de “olé” da torcida. Garrincha resolveu brincar de jogar futebol, chamando seus marcadores para pegar a bola, em especial Jordan, seu velho amigo. Um jovem Gérson, futuro ídolo do Botafogo e deslocado de sua posição pelo técnico Flavio Costa apenas para marcar Mané, desistiu: não aguentava mais ser desmoralizado.
O olé precoce fez o Botafogo correr riscos desnecessários, mas nenhum foi aproveitado pelo rival. O primeiro foi uma bola mal atrasada de Amarildo para Manga: Dida chegou antes e chutou por cima do goleiro, mas a redonda explodiu na trave. Nílton Santos, em um raro erro, também atrasou mal logo em seguida, mas Henrique, afobado, chutou para fora. E quando o Flamengo conseguiu atirar para o gol, viu Jadir e Quarentinha salvarem em cima da linha, impedindo as melhores chances dos rubro-negros em todo o jogo.
Os sustos não demoveram o Glorioso do olé, e a troca de passes entre os craques continuou. E infelizmente a irritação dos jogadores flamenguistas, que protestavam contra a atitude dos rivais, deu lugar à violência. Faltando um minuto para o fim do jogo Dida, cansado da humilhação, entrou duro em Paulistinha, que revidou. Os dois foram expulsos após troca de tapas, e uma confusão quase teve início. Mas não havia pelo que brigar, e os ânimos se acalmaram. O Botafogo, regido pela batuta de Mané Garrincha, era mais uma vez o campeão do Rio de Janeiro.
A torcida alvinegra invadiu o campo e carregou o herói do jogo nos braços, enquanto quase toda a torcida do Flamengo já tinha ido embora – a debandada começara aos 20 minutos do segundo tempo. A comemoração no vestiário foi entusiasmada, e a festa seguiu para a sede do clube. Duas figuras importantes, porém, não quiseram participar das comemorações: o técnico Marinho Rodrigues, dizendo-se exausto, e Mané Garrincha, com fortes dores no joelho após mais uma exibição de gala. O ídolo, acompanhado de sua esposa Elza Soares, preferiu comemorar com um descanso merecido, em casa.
Ficha técnica
Sábado, 15 de dezembro de 1962
Botafogo 3 x 0 Flamengo – Local: Estádio Jornalista Mário Filho (Maracanã)
Campeonato Carioca – 2º Turno
Botafogo: Manga, Paulistinha, Jadir, Nílton Santos e Rildo; Ayrton e Édison; Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Flamengo: Fernando, Joubert, Vanderlei, Décio Crespo e Jordan; Carlinhos e Nelsinho; Espanhol, Henrique, Dida e Gérson. Técnico: Flavio Costa.
Árbitro: Armando Marques (GB).
Gols: Garrincha aos 10/1ºT e Vanderlei (contra) aos 35/1ºT; Garrincha aos 2/2ºT.
Público: 158.994
O ano era 1962 e Garrincha, já consagrado ídolo do futebol brasileiro, havia acabado de comandar a Seleção Brasileira na conquista da Copa do Mundo do Chile. Junto com seus companheiros de Botafogo e seleção – Nílton Santos, Didi, Zagallo e Amarildo – o craque teve apenas quinze dias de descanso antes do início do Campeonato Carioca.
Já sofrendo com problemas no joelho, que acabariam com sua carreira, e cansado de tanta festa, Mané Garrincha e seus colegas sentiram os efeitos da desgastante temporada, e começaram a competição estadual em ritmo lento. O Botafogo chegou a perder na estreia para o fraco Campo Grande, por 1 a 0, e conseguiu desperdiçar seis pontos nas primeiras seis rodadas. Mas aos poucos a equipe se ajeitou, e chegou à última rodada em condições de conquistar o título, contra o Flamengo.
O Botafogo era o favorito, mas o ponto de vantagem do Rubro-negro, que conquistava o título com um empate, ajudava a equilibrar os prognósticos. E a expectativa fez o Maracanã receber um daqueles públicos históricos: mais de 150 mil pessoas foram assistir à partidaça entre os tradicionais rivais, que acabaria sendo, para muitos, a última grande exibição de Garrincha.
O Jogo
O Flamengo começou bem a partida, demonstrando não estar acomodado com a vantagem do empate. Mas era visível o nervosismo dos rubro-negros, em contraste com a tranquilidade dos botafoguense, e não tardou para que o Glorioso controlasse a partida. Logo aos 10 minutos, Amarildo recebeu a bola em contra-ataque e lançou em profundidade para Garrincha, que avançou, passou por Jordan, e chutou cruzado: 1 a 0 para o Botafogo. O ídolo, eufórico, pulou sobre os jornalistas, gritando, em misto de promessa e profecia: “É gol! É gol! Vamos marcar mais!”.
A rápida perda da vantagem abalou o Flamengo, mas os rubro-negros seguiram lutando. E se animaram um pouco quando Amarildo se machucou – sem poder ser substituído, o artilheiro foi deslocado para a ponta-direita, passando Mané Garrincha para o centro. A equipe da Gávea voltou a crescer e aumentar sua presença na área, mas sem grande poder de penetração. E quando o técnico do Botafogo, Marinho Rodrigues, resolveu devolver Mané para a ponta-direita, o time fez mais um gol. Gérson e Jordan não conseguiram conter mais um avanço do craque pela direita, este cruzou alto e um assustado Vanderlei tentou cortar e cabeceou para o próprio patrimônio: 2 a 0 para o Glorioso, a 10 minutos do fim do primeiro tempo. O bicampeonato alvinegro estava muito bem encaminhado.
O desesperado Flamengo, cujo mérito foi nunca desistir, passou a cruzar a bola para a área, inutilmente. E sem conseguir assustar o Botafogo com a pelota nos pés ou no chuveirinho, recebeu o golpe de morte logo no segundo minuto da etapa final, quando Zagallo cruzou para Quarentinha, este acertou um belo voleio, mas a bola bateu no peito do goleiro Fernando. Mané estava lá, e pegou a sobra para marcar o terceiro tento da noite: 3 a 0 no placar, e título garantido.
A grande vantagem fez os botafoguenses abusarem da sorte. Já satisfeitos com o placar, o clube passou a tocar a bola, aos sons do coro de “olé” da torcida. Garrincha resolveu brincar de jogar futebol, chamando seus marcadores para pegar a bola, em especial Jordan, seu velho amigo. Um jovem Gérson, futuro ídolo do Botafogo e deslocado de sua posição pelo técnico Flavio Costa apenas para marcar Mané, desistiu: não aguentava mais ser desmoralizado.
O olé precoce fez o Botafogo correr riscos desnecessários, mas nenhum foi aproveitado pelo rival. O primeiro foi uma bola mal atrasada de Amarildo para Manga: Dida chegou antes e chutou por cima do goleiro, mas a redonda explodiu na trave. Nílton Santos, em um raro erro, também atrasou mal logo em seguida, mas Henrique, afobado, chutou para fora. E quando o Flamengo conseguiu atirar para o gol, viu Jadir e Quarentinha salvarem em cima da linha, impedindo as melhores chances dos rubro-negros em todo o jogo.
Os sustos não demoveram o Glorioso do olé, e a troca de passes entre os craques continuou. E infelizmente a irritação dos jogadores flamenguistas, que protestavam contra a atitude dos rivais, deu lugar à violência. Faltando um minuto para o fim do jogo Dida, cansado da humilhação, entrou duro em Paulistinha, que revidou. Os dois foram expulsos após troca de tapas, e uma confusão quase teve início. Mas não havia pelo que brigar, e os ânimos se acalmaram. O Botafogo, regido pela batuta de Mané Garrincha, era mais uma vez o campeão do Rio de Janeiro.
A torcida alvinegra invadiu o campo e carregou o herói do jogo nos braços, enquanto quase toda a torcida do Flamengo já tinha ido embora – a debandada começara aos 20 minutos do segundo tempo. A comemoração no vestiário foi entusiasmada, e a festa seguiu para a sede do clube. Duas figuras importantes, porém, não quiseram participar das comemorações: o técnico Marinho Rodrigues, dizendo-se exausto, e Mané Garrincha, com fortes dores no joelho após mais uma exibição de gala. O ídolo, acompanhado de sua esposa Elza Soares, preferiu comemorar com um descanso merecido, em casa.
Ficha técnica
Sábado, 15 de dezembro de 1962
Botafogo 3 x 0 Flamengo – Local: Estádio Jornalista Mário Filho (Maracanã)
Campeonato Carioca – 2º Turno
Botafogo: Manga, Paulistinha, Jadir, Nílton Santos e Rildo; Ayrton e Édison; Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Flamengo: Fernando, Joubert, Vanderlei, Décio Crespo e Jordan; Carlinhos e Nelsinho; Espanhol, Henrique, Dida e Gérson. Técnico: Flavio Costa.
Árbitro: Armando Marques (GB).
Gols: Garrincha aos 10/1ºT e Vanderlei (contra) aos 35/1ºT; Garrincha aos 2/2ºT.
Público: 158.994
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