Blog do Santayana, 06/11/2015
Brasil-EUA: A submissão, a "cooperação" e a soberania
A questão é saber, se, juntamente com as riquezas e o território
brasileiros, os EUA, tão ciosos de sua nacionalidade - aceitariam receber, sob
sua bandeira, a "estirpe" de invertebrados morais, hipócritas, entreguistas,
submissos e antipatrióticos em que estamos nos transformando.
Por Mauro Santayana
A vocação para submissão de parcelas do Judiciário e da área de segurança brasileiras às autoridades norte-americanas é impressionante.
A vocação para submissão de parcelas do Judiciário e da área de segurança brasileiras às autoridades norte-americanas é impressionante.
Como exemplo, temos a “colaboração” prestada pelo Ministério Público e
pela Operação Lava Jato a procuradores norte-americanos que estão recolhendo
provas contra a Petrobras e oferecendo acordos de delação premiada a presos
brasileiros submetendo-se colonizada, e alegremente - nas barbas do Ministério
da Justiça – às autoridades de um país estrangeiro, como se elas tivessem
jurisdição em território nacional, em uma causa que envolve uma empresa de
controle estatal que pertence não apenas aos seus “investidores” diretos, mas a
todos os cidadãos brasileiros.
Depois,
temos a romaria de procuradores e juízes aos EUA, para receber
“homenagens” relacionadas a assuntos internos nacionais, e a recente
presença de
ministros da Suprema Corte em reuniões do Diálogo Interamericano - uma
espécie
de Foro de São Paulo às avessas - nos EUA. Já
imaginaram um procurador norte-americano se deslocando para o Brasil
para ser premiado por sua atuação, na investigação, digamos, de
corrupção na General Motors, ou na AMTRAK, uma das maiores empresas
estatais dos EUA - tradicionalmente deficitária - com mais de 20.000
funcionários, e presente nos 48 estados da Federação?
Como se não bastasse, agora, chega a vez do Rio de Janeiro tomar a iniciativa de anunciar
a próxima abertura de um escritório da agência norte-americana de controle de
drogas no Estado, a pretexto de prestar, às autoridades fluminenses,
"consultoria" no combate ao tráfico e ao contrabando de armas.
Perguntar não ofende.
Considerando-se que as áreas de defesa e de relações internacionais
são prerrogativa da União, e o fato de a agência norte-americana ser federal e
não estadual, não seria o caso desses convênios e acordos passarem antes pelo
crivo e aprovação do Itamaraty, do Ministério da Defesa, do Ministério da
Justiça e da Comissão de Defesa e Relações Externas da Câmara dos Deputados?
Quando é que o Brasil vai começar a impedir ou a controlar as
atividades de agentes norte-americanos de inteligência - espiões, leia-se,
porque de outra coisa não se trata - em nosso território?
Essas áreas, tão solícitas em implorar o prestimoso “auxílio”
norte-americano, e em aparecer nos Estados Unidos, em eventos mais "sociais" do
que outra coisa, já ouviram ou conhecem o significado do termo reciprocidade,
aplicado à relação entre estados
soberanos?
Já se imaginou a Polícia Federal brasileira abrindo um escritório nos
EUA, para prestar "consultoria" à polícia nova-iorquina no combate ao
tráfico de armas?
Isso nunca ocorreria, pelo simples fato de que a população, a imprensa,
o Judiciário e o Congresso dos EUA não o aceitariam, porque, ao menos nesse
aspecto, eles têm vergonha na cara.
Vergonha, em nosso lugar, com esse tipo de atitude, não é outra coisa
que países latino-americanos - com exceção do México, cada vez mais um estado
norte-americano - vão sentir ao saber dessa notícia.
Vergonha, em nosso lugar e não outro sentimento, é o que vão ter
nossos parceiros do BRICS, ao saber dessa notícia, já que todo o mundo sabe como
os EUA agem: primeiro abrem um escritório em uma determinada área, depois um
monte de escritórios de "cooperação" em várias outras áreas, e,
depois, dificilmente dão o fora, sem
criar problemas, a não ser que sejam derrotados e escorraçados, como
ocorreu ao fim da guerra do Vietnam.
Ou alguém aqui imagina a Rússia, a Índia e a China convidando a
polícia e os órgãos de inteligência norte-americanos a instalar escritórios e operar
em seus respectivos territórios?
Não.
Eles não fazem isso, assim como não admitem que imbecis, em seus
comentários de internet, em portais russos, indianos ou chineses, preguem a
entrega de suas empresas ou de seu país aos EUA, ou encaminhem petições de
intervenção à Casa Branca, como comumente ocorre, nestes tempos vergonhosos que
vivemos, em portais e sites brasileiros.
Talvez por isso, a Rússia, a China e a Índia, sejam potências
espaciais, militares e atômicas, enquanto nós estamos nos transformando, cada vez mais, em um ridículo simulacro de
província norte-americana, apesar de sermos, com mais de 250 bilhões de dólares
emprestados, o terceiro maior credor individual externo dos EUA.
Em tempo: em sua comunicação com a imprensa, o governo do Rio de
Janeiro conclui dizendo que não pode dizer quando vai começar a operar o
escritório norte-americano em território fluminense.
O anúncio oficial da instalação não será feito por nenhuma autoridade
brasileira.
Ele será feito – incrível e absurdamente - como se estivesse ocorrendo
em território norte-americano, pelo próprio governo dos EUA.
Nesta toada, conviria começar a pensar, com urgência, na realização de
um plebiscito para a entrega do Brasil aos Estados Unidos.
Com isso, os bajuladores poderiam exercer seu amor aos gringos sem
precisar de visto, ou de se deslocar para Miami ou Nova Iorque.
Aprenderíamos o inglês como primeira língua, sem necessidade de pagar
as mensalidades do curso de idiomas.
E todos nós receberíamos em dólares, trabalhando e descansando quando
Deus nos permitisse, já que nos EUA não existe sequer a obrigação de pagar férias remuneradas, por exemplo.
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