segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Por bonecos de Lula com toga e beca


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Brasil 247, 14 de Setembro de 2015



Por bonecos de Lula com toga e beca


 
Por Laurez Cerqueira


​Os bonecos de Olinda são feitos para homenagear pessoas que se destacam na vida social, artística ou política.

Um gesto grandioso de foliões amorosos, alegres, de pessoas capazes de reconhecer qualidades e contribuições de cidadãos para a civilização e o desenvolvimento do país.

Diferentemente do Boneco Lula, feito com más intenções, por gente mórbida, violenta, sem ética democrática.

O Boneco Lula é o símbolo mais bem acabado do ódio de classe no Brasil. Nele estão expressos, pelos conservadores, desejos profundos de vingança, certamente por ser Lula o líder responsável pela mais impactante transformação social da história recente do país.

A retirada de 40 milhões de pessoas da pobreza extrema e promoção da inclusão social de outras dezenas de milhões, entre tantas outras conquistas da população da base da pirâmide social, impactou toda a ordem social tradicional do País.

Essa parece ser a causa mais importante, que tem provocado tamanho ódio de classe em pessoas dos setores mais abastados.

Como bem lembrou o ex-Presidente Lula, numa de suas tiradas bem humoradas, a empregada doméstica está usando o mesmo perfume da patroa e a patroa não controla mais o voto dela nem do porteiro do edifício.

A reação dos setores conservadores a essas grandes transformações trouxe à tona conflitos ancestrais da colonização, cristalizados na disputa política e no medo da perda de poder no atual ciclo da democracia. Na democracia eles perdem sempre.

A manipulação da informação pelos conservadores, nos meios de comunicação (TV, rádio, internet), corre solta, operam no subliminar, instala nos confins dos corações e das mentes dos desavisados, ódio, preconceitos generalizados, a negação da política, como se a política fosse, para a sociedade, o mal dos novos tempos.

A cidadania está sendo esterilizada e o debate interrompido. A participação da sociedade nas decisões, na escolha do futuro do país, desmobilizada pelo jornalismo rastaquera.

O Brasil está convivendo agora com a gana dos conservadores pela resubordinação dos trabalhadores, que de certa forma estão sentindo um pouco de alívio do domínio da aristocracia senhorial.

Os conservadores querem recolocá-los nos lugares de antes, expulsá-los dos shoppings, como fizeram, com decisão judicial, no episódio dos "rolezinhos" em São Paulo.

Os adolescentes dos "rolezinhos" estavam apenas passeando, fazendo selfie's com seus celulares, para postar nas redes sociais.

Querem colocar para fora dos aeroportos, pessoas que recentemente passaram a viajar de avião, como desejou a "glamourosa" professora de letras da PUC-Rio, ao ver um senhor saboreando um sanduíche na fila de embarque, dizendo ela que os aeroportos brasileiros estavam parecendo rodoviárias.

Para fora do salão de beleza, como tentou uma moradora de um condomínio de luxo em Brasília, ao ver a empregada doméstica de uma amiga cuidando das unhas e dos cabelos no mesmo salão frequentado por ela.

O impacto da inclusão social está levando a arquitetura a mudar a ordem residencial colonial.

O modelo sala, cozinha e "dependência de empregados" (senzala dentro de casa) de apartamentos e casas, não cabe mais na realidade brasileira. As "dependências de empregados" estão virando depósitos de bugigangas.

Os empregados domésticos conquistaram igualdade de direitos com a "lei das domésticas". Ou seja, tudo junto e misturado está causando um grande incômodo aos conservadores.

Essa obsessão da oposição, e da mídia que serve a ela, pela derrubada da Presidenta Dilma, legitimamente eleita, e pela destruição do Partido dos Trabalhadores e de Lula, seu líder maior, não é de agora.

Por mais que o PT tenha feito concessões, sempre foi tratado como um penetra na política brasileira desde quando nasceu no final dos anos 1970.

Os conservadores não o perdoam por ter sido capaz de organizar a base da pirâmide social, dar-lhe voz, ação aos trabalhadores, aos marginalizados da sociedade, reivindicar seus direitos e eleger Lula e Dilma para fazer um governo democrático e popular.

Assim como nunca perdoaram Getúlio Vargas, por ele ter instituído o contrato de trabalho (CLT), e outros direitos sociais.

Queiram ou não, aos trancos e barrancos, o PT garante um governo que aprofunda a cidadania, cria condições para libertação da população oprimida do domínio de aristocratas, exploradores e opressores de todo tipo.

Reduziu a desigualdade em tempo recorde, como reconheceu a ONU, que retirou o Brasil do Mapa da Fome, e promove a inclusão social com acesso aos serviços públicos.

Sem desconsiderar os demais partidos de esquerda, o PT é a maior força organizada da luta democrática do país.
O país está convivendo com a volta da "velha UDN". Ela sempre esteve por aí, travestida, clandestina.

A "velha UDN" dispõe ainda de uma cultura política e ideológica poderosíssima. Durante os governos Lula e Dilma saíram udenistas dos armários como nunca.

Gente que até participou da luta contra a ditadura, mas parece que não sabia que carregava em si a semente do conservadorismo senhorial.

Hoje, nos salões, nos cafés, nas redações, jornalistas, tecnocratas, âncoras de TV e de rádio, comentaristas, artistas, pessoas expressivas do velho udenismo, muito bem pagas, fazem a pregação conservadora com um discurso surrado, atrasado, fora do contexto, na defesa cega de ideias derrotadas, sucumbidas na crise internacional.

Têm microfones e câmeras à disposição para destilar preconceitos generalizados e ódio contra os agora empoderados pela inclusão social, pela participação popular na política, nos movimentos das últimas décadas.

Gente que defende interesses de organizações empresariais multinacionais, principalmente do sistema financeiro, que não admitem que nenhum país de porte econômico como o Brasil esteja fora da malha e da estratégia de negócios delas.

O ódio de classe simbolizado no Boneco Lula, vem de raízes profundas. Vem de colonizadores, senhores de terras, minas e engenhos, da escravidão, de feitores, da subordinação pelo chicote.

Quando os brancos europeus desembarcaram nas praias brasileiras, esfarrapados, desdentados, fedorentos, cheios de escorbuto, sífilis, sedentos por sexo, índios e índias viviam nus, em perfeita harmonia com mares, rios, florestas, em paz com sua divindade espalhada ao redor.

Aqui violentaram corpos e espíritos. Trataram de arrancar as crenças pagãs dos índios e substituí-las pelo deus único.
Instalou neles a dominação pelo pecado e pela culpa. Foram ocupando as terras, corrompendo os gentios com badulaques, exterminando nações inteiras.

Tentaram submetê-los ao trabalho à base do chicote. Como não conseguiram, partiram para a África e escravizaram os negros. A história da escravidão é por demais conhecida. O sangue correu por campos e florestas.

As marcas da barbárie continuam vivas na pele e na alma dos remanescentes da escravidão e das nações dos indígenas.

Tristes trópicos, dominados por uma elite branca rancorosa, que sequer admite a cidadania do povo.

De mentalidade ainda colonial, continua desenraizada, com os olhos voltados para além do Atlântico e para o hemisfério norte.
Queiram ou não, Lula é o líder maior dos trabalhadores, dos deserdados, dos humilhados, dos ofendidos, e de todos os estratos marginalizados da sociedade.

Por incrível que pareça, enquanto aqui os conservadores rangem os dentes com ódio a Lula, lá fora ele é reconhecido como um dos maiores líderes mundiais.

É também o brasileiro com o maior número de títulos de Doutor Honoris Causa concedido pelas mais importantes universidades do mundo.

Creio que ficaria bem um Boneco Lula com toga e beca de acadêmico e todos os títulos debaixo do braço.

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