Estadão.com, 6 de maio de 2015
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Jornalista é alvo de ataques racistas no Facebook
O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A jornalista do Distrito Federal Cristiane Damacena foi alvo de uma série de ataques racistas no Facebook depois que trocou a foto do seu perfil na rede social no dia 24 de abril. Os comentários começaram a aparecer alguns dias depois e foram permeados com termos como “macaca”, “escrava”, “sorriso de m....” e “modelo de senzala, só se for”. Na nova foto, ela vestia uma roupa amarela, o que motivou um insulto que diz “lembra a banana pra ela”.
A vítima acabou por registrar ocorrência na 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia) no dia 30 de abril e a Polícia Civil do Distrito Federal abriu uma investigação. Os autores podem responder por injúria racial.
O episódio repercutiu muito na internet. A foto alvo dos ataques foi até o fim da tarde desta quarta-feira, 6, objeto de 21 mil curtidas, 14,9 mil comentários e 556 compartilhamentos, a maior parte deles em apoio à jornalista. Muitos a comparavam à vencedora do Oscar de 2014, Lupita Nyong'o, por sua atuação no filme “12 anos de escravidão”.
Procurada, ela não respondeu ao pedido de entrevista feito pelo Estado. Em sua página no Facebook, ela agradeceu o apoio recebido: “Pessoas queridas, diante de tantas ligações e mensagens de apoio, eu só posso agradecer a todos vocês. Gostaria de responder e abraçar cada um. Sei que não vai ser possível fazer isso. De qualquer modo, obrigada a todos”.
Os policiais avaliam que é possível chegar a todos os suspeitos. Nos últimos três anos, a Secretaria de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos registrou 944 casos de injúria racial. A secretaria oferece o serviço de Disque-Racismo pelo telefone 156 e promete ampliá-lo em breve.
Casos de racismo têm sido comuns em Brasília. No ano passado, uma cliente australiana de um salão de beleza na Asa Sul, bairro nobre da capital federal, agrediu a manicure Tássia dos Anjos, que a acusou de “raça ruim” e foi presa em flagrante. O caso ocorreu no mesmo dia em que uma cobradora foi vítima de ataques racistas por uma passageira.
Em 2013, caso semelhante ocorreu em uma padaria, também na Asa Sul. A cliente não concordou com o preço cobrado por um suco e passou a gritar dizendo que “eram os negros que queriam roubá-la”. Em 2012, um médico se atrasou ao chegar para assistir um filme no cinema e tentou furar a fila. Alertado pela atendente que não poderia fazer aquilo, ele disse: “Seu lugar não é aqui, lidando com gente, você deveria estar na África, cuidando de orangotangos”.aterial jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://brasil.estadao.
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