Terça-Feira, 14 de Fevereiro de 2012
ESTRELAS QUE DESMENTEM O PRIVATISMO
Eles não perdoam a autossuficiencia alcançada em abril de 2006, quando a Petrobrás despejou óleo, soberania e eficiência pública na campanha midiática do impeachment contra Lula. Contorcem-se com a ressurreição do monopólio, embutida no novo marco regulador do pré-sal - obra de Gabrielli, de Lula e de nacionalistas admiráveis, como Guilherme Estrella, diretor de produção e pesquisa, que se aposenta agora da empresa. Nunca perdoarão os índices de nacionalização nas compras de equipamentos que transformaram o ciclo do pré-sal no maior impulso industrializante do país desde a era Vargas.
Graça Foster, que assume agora a direção da estatal, para que Gabrielli possa disputar o governo da Bahia, recebe da mídia o mesmo tratamento pegajoso de salamaleques dirigidos antes a Dilma para atacar Lula. Sua competência dispensa genuflexões. Quem viveu na favela até aos 12 anos e chegou onde está não pede licença nem aval dos mercados.
A verdade é que a rigorosa e austera Maria das Graças Foster, a exemplo de Gabrielli, Dilma, Estrella e tantos outros, protagoniza uma história sonegada pela mídia: são personagens de uma eficiência estatal que incomoda porque desmente a supremacia do privatismo e desautoriza o estigma contra o funcionário abnegado que engrandece o patrimônio público.
Aos esquecidos é bom lembrar que faz parte dessa história as três estrelas que a nova presidente da Petrobrás tem tatuadas no antebraço esquerdo:duas delas vermelhas.
Presidenta Dilma Rousseff recebe cumprimentos durante cerimônia de posse da Presidenta da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster (Roberto Stuckert Filho/Presidência da Republica)
Felizmente, Petrobras sobreviveu a ventos privatistas, afirma Dilma
Da Redação
Brasília – A presidenta Dilma Rousseff empossou, nesta segunda-feira (13), a nova presidente da Petrobras, a amiga e funcionária de carreira da empresa Maria das Graças Foster, com um discurso nacionalista e estatista. Disse que a Petrobras é “parte relevante” do esforço de construção do país, saudou o “estadista” Getúlio Vargas, patrono da companhia, e festejou que ela tenha escapado de “ventos privatistas”, sem, no entanto, fazer referência explícita ao governo Fernando Henrique. Para Dilma, a Petrobras, hoje a segunda maior petroleira de capital aberto do mundo, é “fruto de um movimento popular, de um movimento cívico, nacional, que mobilizou nosso país” e “surgiu graças à visão de um estadista, Getúlio Vargas, a quem devemos sempre render a nossa homenagem”.
A combinação de “movimento popular” e “visão de um estadista” foi fundamental, disse Dilma, para dar origem a “uma parceira do povo brasileiro” e a "uma das partes mais relevantes do esforço desse país de se constituir em uma grande nação”.
Hoje, depois de quase seis décadas de vida, assinalou a presidenta, a estatal tornou-se “poderosa” globalmente, num mercado “assimétrico e agressivo”, como o do petróleo. Também ajuda a gerar emprego e renda para brasileiros, apoia a indústria brasileira ao manter uma política de compras mínimas dentro do país.
Até 2015, a companhia vai investir US$ 224 bilhões, volume que, para Graça Foster, a primeira mulher a presidir a Petrobras e a comandar uma gigante petroleira no mundo todo, tem “escala necessária para fazer prosperar a indústria nacional”.
Na avaliação de Dilma, a Petrobras conquistou, nos últimos nove anos (governos Lula e dela), um gigantismo que é difícil resumir em números.
“A Petrobras é poderosa em escala mundial e é estratégica dentro do Brasil”, afirmou Dilma. “Felizmente, sobreviveu a todos os ventos privatistas e persistiu como empresa brasileira, sob controle do povo brasileiro, e hoje exerce papel fundamental em nosso modelo de desenvolvimento.”
A referência de Dilma a “ventos privatistas” foi feita dias depois de governo e PT terem sido alvo de tentativa de desgaste político por adversários de PSDB e por alguns setores com um perfil mais à esquerda, por conta do leilão que transferiu três aeroportos federais à gestão privada.
Para os tucanos, houve privatização e foi bom que o PT tenha se rendido à tese. Para os setores descontentes da esquerda, houve privatização e foi ruim que o PT a tenha praticado.
Já governo e petistas rebatem que não houve privatização, pois os aeroportos serão administrados pelo Estado de novo quando a concessão ao setor privado terminar, daqui 20 anos a 30 anos.
Dizem ainda que o motivo do leilão foi diferente das privatizações da era FHC – não se quis enxugar o Estado, apenas contornar a falta de recursos para investir e os entraves burocráticos próprios da gestão pública à realização dos investimentos, que a Copa do Mundo de 2014 impõe que sejam ágeis.
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