Blog do Miro, 16/08/2015
Vai ter selfie com os PMs de Osasco?
Por Altamiro Borges
Nas marchas golpistas de março e abril, uma cena patética virou motivo
de galhofa nas redes sociais. Dignos representantes das elites
paulistas, hoje batizados de "coxinhas", fizeram questão de tirar suas
egocêntricas selfies com soldados do Batalhão de Choque da Polícia
Militar. Ao mesmo tempo que rosnavam pelo "Fora Dilma" e até pela volta
dos generais ao poder, eles explicitaram o seu apoio incondicional à
repressão policial. Neste domingo (16), estes adoradores da violência e
do ódio bem que podiam fazer uma homenagem aos soldados da PM que
assassinaram 18 pessoas em Osasco, na região metropolitana de São Paulo.
Golpistas e carrascos em selfies simbólicas da barbárie.
A chacina ocorreu na quinta-feira (13). Homens
encapuzados, de armas em punho, entraram em um bar na periferia da
cidade e fuzilaram oito clientes. Na sequência, os assassinos
percorreram outros 11 locais. Em cerca de três horas, 18 pessoas foram
mortas e seis ficaram feridas em Osasco e Barueri. Apenas seis dos
mortos tinham passagem pela polícia. A cena de violência revoltou os
moradores da região. "Quando morre um policial, pode saber que em até 15
dias vai ter chacina. Nunca vai mudar, aqui não existe Justiça",
lamenta a costureira Rosângela Gonçalves - que há três anos perdeu um
filho numa chacina e que na quinta-feira perdeu um amigo.
Tudo indica que o massacre foi planejado por um grupo de extermínio
formado por PMs dispostos a vingar a morte de um policial na semana
passada em um posto de gasolina - cena que ganhou enorme repercussão nos
programas policialesco da televisão. "Se a hipótese for confirmada, o
episódio não constituirá caso isolado. Ao contrário, a desconfiança
quanto à participação de agentes de segurança se repete nas cinco
principais chacinas registradas em São Paulo desde 2013", aponta o
editorial da Folha deste sábado (15). Nestes cinco massacres foram
mortas 42 pessoas.
"Manifestações desse tipo expressam com crueza o quanto há de nefasto na existência de esquadrões da morte. Se as forças legalmente constituídas para garantir o respeito às leis não hesitam em violá-las, por que a população deveria confiar no Estado de Direito? O combate ao crime é um desejo de toda a sociedade, mas não pode ser feito ao arrepio das instituições. Fora dos marcos constitucionais não há ordem, mas barbárie; do 'cada um por si' resulta apenas mais violência e insegurança", alerta a da Folha tucana, que sempre fez esforços para blindar o governador Geraldo Alckmin.
Será que os "coxinhas", que voltarão a esbanjar seu ódio de classe contra pobres, negros e moradores da periferia neste domingo, vão tirar suas selfies sorridentes com os policiais de Osasco? Ou será que terão o mínimo de dignidade e exigirão uma imediata atitude do "picolé de chuchu" que ajudaram a eleger no primeiro turno das eleições de outubro passado? Os leitores já conhecem a resposta!
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