Apoio total à Argentina com relação às Malvinas.
Em apoio à Argentina, Brasil barra embarcação britânica
JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIA
GUSTAVO HENNEMANN DE BUENOS AIRES
Em apoio político à Argentina, o governo brasileiro impediu que um navio de guerra britânico vindo das ilhas Malvinas fizesse escala no porto do Rio de Janeiro.
Ontem, o Itamaraty confirmou que o governo negou autorização para que a embarcação atracasse no Brasil, explicando que foi uma decisão política e diplomática. O caso havia sido revelado pelo jornal argentino "Clarín".
"A decisão foi tomada à luz do quadro político e diplomático da região", informou o Itamaraty, acrescentando que o Brasil deseja ter um relacionamento mais denso com o país vizinho acerca da situação nas ilhas.
Antes de negar a escala ao navio de patrulha britânico, o governo brasileiro conversou com o argentino.
Apesar disso, o Itamaraty disse que a permissão para que navios britânicos parem será tomada caso a caso. Ou seja, não há uma ordem para que a decisão seja estendida a todas as embarcações vindas das Malvinas.
Segundo a Embaixada do Reino Unido no Brasil, foi feito um pedido de "autorização diplomática" para que o HMS Clyde -o navio de defesa das ilhas Malvinas- fizesse uma escala no porto do Rio entre o fim da primeira semana de janeiro e o início da segunda semana.
Ao ter o pedido negado, o navio parou para abastecimento em um porto do Chile.
A embaixada afirmou que o governo britânico respeita a decisão brasileira e que o episódio não terá futuras consequências diplomáticas.
O episódio com o navio britânico é a primeira consequência prática da posição adotada pelo Brasil sobre as Malvinas.
Em 3 de agosto do ano passado, o então presidente Lula assinou uma declaração na cidade argentina de San Juan em que declara ser legítima a disputa do país pela soberania no território.
"SATISFAÇÃO"
Segundo o "Clarín", que publicou a informação no sábado, foi a primeira vez que o Brasil tomou tal atitude.
Integrantes do governo argentino manifestaram "satisfação" nos bastidores com a decisão brasileira de proibir o navio britânico.
A Chancelaria do país, no entanto, não confirmou à Folha se havia sido informada do fato e também não disse se o pleito argentino em relação às ilhas foi tema do encontro ocorrido anteontem entre o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, e a presidente Cristina Kirchner.
Que nosso Brasil se envolva contundentemente na defesa dos direitos Argentinos sobre as Malvinas. Esta luta não é somente da Argentina, é de toda a América Latina.

Jornal do Brasil, 19/02/2010
Como denunciou a presidente Cristina Kirchner, “não é aceitável que as regras do mundo não sejam iguais para todos. As Nações Unidas podem tomar medidas, inclusive de força, contra países que não cumprem certas normas, mas quando são os poderosos que não as cumprem, nada acontece. A permanência de um enclave colonial não tem sentido". Afirmar que tudo não passa de “um assunto de política interna tanto para Cristina quanto para Gordon Brown" é jogar cortina de fumaça sobre questões mais profundas. Trata-se de, agindo com má-fé, estabelecer paralelos equivocados entre o passado e o presente.
Se, em 1982, o desespero foi o conselheiro que inspirou a ditadura militar a um salto no vazio, isto é, a ocupação das Malvinas, o que hoje move o governo argentino é a preservação de um espaço político soberano. Não há um general Galtieri tentando abrir um caminho para escapar do beco sem saída, mas uma presidente eleita reivindicando legítimos direitos nacionais. Um país renascido diante da recuperação de suas liberdades e consciente da importância da autodeterminação.
Não há solução de "meio-termo" quando a ofensiva imperialista não esconde mais seus objetivos. O golpe em Honduras, a ofensiva dos grandes proprietários na Argentina, a ação desestabilizadora da direita paraguaia, e as bases militares na Colômbia e no Panamá são fatos por demais suficientes para afastar a perigosa inércia analítica. Aquela que ignora, entre outras coisas, a crescente militarização das relações dos Estados Unidos com a América Latina.
As Ilhas Malvinas e suas adjacências são argentinas. Devem ser descolonizadas e reintegradas ao país. Têm que ser liberadas da ocupação estrangeira que se propõe a explorar suas riquezas e, provavelmente, instalar bases militares apontando para toda a América Latina e seu projeto de integração regional.
A luta deve prosseguir no plano político, diplomático, e em todos os terrenos apropriados, até a definitiva recuperação do arquipélago. È preciso afrontar todas as responsabilidades exigidas para o cumprimento de um programa de ação democrática e antiimperialista.
Não nos iludamos. Os piratas ingleses fazem parte de uma missão precursora no Atlântico Sul. A gravidade da situação obriga a coordenação no esforço de todos os partidos democráticos e populares para uma ação em conjunto com as correntes militares dispostas a não abdicar na luta contra o colonialismo.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil
JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIA
GUSTAVO HENNEMANN DE BUENOS AIRES
Em apoio político à Argentina, o governo brasileiro impediu que um navio de guerra britânico vindo das ilhas Malvinas fizesse escala no porto do Rio de Janeiro.
Ontem, o Itamaraty confirmou que o governo negou autorização para que a embarcação atracasse no Brasil, explicando que foi uma decisão política e diplomática. O caso havia sido revelado pelo jornal argentino "Clarín".
"A decisão foi tomada à luz do quadro político e diplomático da região", informou o Itamaraty, acrescentando que o Brasil deseja ter um relacionamento mais denso com o país vizinho acerca da situação nas ilhas.
Antes de negar a escala ao navio de patrulha britânico, o governo brasileiro conversou com o argentino.
Apesar disso, o Itamaraty disse que a permissão para que navios britânicos parem será tomada caso a caso. Ou seja, não há uma ordem para que a decisão seja estendida a todas as embarcações vindas das Malvinas.
Segundo a Embaixada do Reino Unido no Brasil, foi feito um pedido de "autorização diplomática" para que o HMS Clyde -o navio de defesa das ilhas Malvinas- fizesse uma escala no porto do Rio entre o fim da primeira semana de janeiro e o início da segunda semana.
Ao ter o pedido negado, o navio parou para abastecimento em um porto do Chile.
A embaixada afirmou que o governo britânico respeita a decisão brasileira e que o episódio não terá futuras consequências diplomáticas.
O episódio com o navio britânico é a primeira consequência prática da posição adotada pelo Brasil sobre as Malvinas.
Em 3 de agosto do ano passado, o então presidente Lula assinou uma declaração na cidade argentina de San Juan em que declara ser legítima a disputa do país pela soberania no território.
"SATISFAÇÃO"
Segundo o "Clarín", que publicou a informação no sábado, foi a primeira vez que o Brasil tomou tal atitude.
Integrantes do governo argentino manifestaram "satisfação" nos bastidores com a decisão brasileira de proibir o navio britânico.
A Chancelaria do país, no entanto, não confirmou à Folha se havia sido informada do fato e também não disse se o pleito argentino em relação às ilhas foi tema do encontro ocorrido anteontem entre o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, e a presidente Cristina Kirchner.
.....
Mais uma vez, Caroni é correto, transparente e preciso em sua análise.
Que nosso Brasil se envolva contundentemente na defesa dos direitos Argentinos sobre as Malvinas. Esta luta não é somente da Argentina, é de toda a América Latina.

Jornal do Brasil, 19/02/2010
Malvinas, colonialismo e soberania
Por Gilson Caroni Filho - do Rio de Janeiro
A política internacional costuma ser uma estranha combinação de dramaticidade e de tédio, deslocando-se de uma excitante promessa de mudança para uma triste perspectiva de monotonia. De forma recorrente, trafega-se de conhecidas petições sobre “sinceros desejos de uma nova ordem mundial sustentável" para reiterações de hegemonismos e Destinos Manifestos. Enquanto analistas buscam fornecer conceitos atualizados de Estado e soberania, a realidade continua sendo moldada pelo antigo conceito de imperialismo: aquele que era definido como expressão de uma fase monopolista do capital.
A decisão do governo britânico de explorar petróleo e gás nas Ilhas Malvinas, reavivando tensões entre a Argentina e o Reino Unido, 28 anos depois da guerra travada entre os dois países por esse arquipélago do Atlântico Sul, reafirma o léxico colonialista que faz tábua rasa das resoluções da ONU. A conhecida virulência do antigo império, sempre amparado no apoio dos Estados Unidos, não afronta apenas o povo argentino. Para além das fortes evidências de uma rica província de hidrocarbonetos na região, o que está em xeque é a soberania da América Latina. Elaborar estratégia para suas riquezas energéticas, como o pré-sal brasileiro, é imperativo e inadiável.Como denunciou a presidente Cristina Kirchner, “não é aceitável que as regras do mundo não sejam iguais para todos. As Nações Unidas podem tomar medidas, inclusive de força, contra países que não cumprem certas normas, mas quando são os poderosos que não as cumprem, nada acontece. A permanência de um enclave colonial não tem sentido". Afirmar que tudo não passa de “um assunto de política interna tanto para Cristina quanto para Gordon Brown" é jogar cortina de fumaça sobre questões mais profundas. Trata-se de, agindo com má-fé, estabelecer paralelos equivocados entre o passado e o presente.
Se, em 1982, o desespero foi o conselheiro que inspirou a ditadura militar a um salto no vazio, isto é, a ocupação das Malvinas, o que hoje move o governo argentino é a preservação de um espaço político soberano. Não há um general Galtieri tentando abrir um caminho para escapar do beco sem saída, mas uma presidente eleita reivindicando legítimos direitos nacionais. Um país renascido diante da recuperação de suas liberdades e consciente da importância da autodeterminação.
Não há solução de "meio-termo" quando a ofensiva imperialista não esconde mais seus objetivos. O golpe em Honduras, a ofensiva dos grandes proprietários na Argentina, a ação desestabilizadora da direita paraguaia, e as bases militares na Colômbia e no Panamá são fatos por demais suficientes para afastar a perigosa inércia analítica. Aquela que ignora, entre outras coisas, a crescente militarização das relações dos Estados Unidos com a América Latina.
As Ilhas Malvinas e suas adjacências são argentinas. Devem ser descolonizadas e reintegradas ao país. Têm que ser liberadas da ocupação estrangeira que se propõe a explorar suas riquezas e, provavelmente, instalar bases militares apontando para toda a América Latina e seu projeto de integração regional.
A luta deve prosseguir no plano político, diplomático, e em todos os terrenos apropriados, até a definitiva recuperação do arquipélago. È preciso afrontar todas as responsabilidades exigidas para o cumprimento de um programa de ação democrática e antiimperialista.
Não nos iludamos. Os piratas ingleses fazem parte de uma missão precursora no Atlântico Sul. A gravidade da situação obriga a coordenação no esforço de todos os partidos democráticos e populares para uma ação em conjunto com as correntes militares dispostas a não abdicar na luta contra o colonialismo.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil
.....
Sou de opinião que o Governo Brasileiro também deveria impedir navios britânicos que estão a serviço da exploração de petróleo nas Malvinas de utilizarem nossos portos.
A cauda da Argentina pelas Malvinas é de todos nós latino-americanos.
Folha de São Paulo, 17/02/2010
DE BUENOS AIRES
A Casa Rosada anunciou ontem medida que dificulta o acesso de navios britânicos às ilhas Malvinas, disputada por ambos países desde a Guerra das Malvinas (1982).
Estava prevista para esta sexta o desembarque nas Malvinas de plataforma britânica para prospecção de petróleo.
Decreto assinado ontem pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner, obriga embarcações que circulem pelas águas ou entre portos do país em direção às Malvinas a pedir prévia autorização ao governo.
Cristina criticou a decisão "unilateral" britânica de prospectar petróleo na região sob disputa e disse que "o Reino Unido se nega a discutir a questão, conforme ordena a ONU". Afirmou não se tratar de "questão menor", mas "da possibilidade de viver num mundo com regras que não a imposição do mais forte sobre o mais fraco".
O porta-voz da embaixada britânica em Buenos Aires disse à Folha que "compete só à Argentina o modo como aplica suas leis internas", mas reiterou que "o Reino Unido não tem dúvida quanto à sua soberania sobre as ilhas e os territórios marítimos circundantes, e está claro que a exploração de petróleo na região é um empreendimento totalmente legítimo". (SILVANA ARANTES)
Nenhum comentário:
Postar um comentário