terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Lula não pode comer caviar







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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Lula não pode comer caviar

 


Ou: Lula não pode ter um bom aparelho de som


Esta semana a imprensa amplifica o "escândalo" da vez: os direitos adquiridos que Lula, como ex-presidente, e sua família podem usufruir.
A imprensa, de maneira usualmente preconceituosa, cria factóide para poder dizer, de forma torta e desonesta, que Lula tem regalias e beneficia a si mesmo e a sua família de forma ilegal ou condenável.
Já foi escrito em vários blogues, como resposta a onda rasteira da imprensa, um descarado tratamento diferenciado da mídia com Lula em relação aos ex-presidentes que usufruem daquilo que a lei lhes garante, como Sarney, Collor, Itamar e FHC.  Ninguém se lembra de tamanha vigilância com os costumes e usos desses ex-presidentes por parte da imprensa.
Ninguém se lembrará, sem medo de errar, de O Globo, Folha, Estadão, Veja ou Época produzindo ou publicando qualquer matéria ou artigo que condenassem as benesses, diga-se de passagem, legais que estes ex-presidentes tenham ou façam uso até os dias atuais.

Dito isso, o que se pode interpretar é o sentimento de que, após cumprido seu dever, Lula deva retornar ao seu meio social, satisfeito e feliz e que sua presença no "clube dos ex-presidentes" é constrangedora para aqueles que se auto concedem tradição e "pedigree".  Lula veio do povo, ao povo deve retornar, sem direito a nada...Pensam assim aqueles que fazem uma cobertura escandalosa sobre àquilo que lhe é de direito.
O caviar e o aparelho de som
Nos anos 1990 cansei de ouvir uma historinha, contada diversas vezes, mito ou realidade, não sei, mas que dizia que Lula certa vez em viagem de avião, de primeira classe, ao ser perguntado pelo serviço de bordo se aceitava caviar e após ter aceito, teria sido repreendido pela comissária de bordo que lhe teria dito: "mas o senhor Lula, comendo caviar?"  Lula teria retrucado: "você tem arroz com feijão pra me servir? Todos estão comendo caviar, eu também tenho direito"...Algo, mais ou menos, assim.

Ou quando foi "acusado" em 1989, durante a propaganda eleitoral e repercutido exaustivamente como prova de um "crime" pela imprensa, de possuir um aparelho de som "melhor" do que o de seu adversário, Collor.  Um absurdo um operário ter em sua casa um bom aparelho de som!
É assim que a imprensa o está tratando neste momento: Lula não pode ter direito a estas regalias, se tiver direito que as renegue e se coloque em seu devido lugar.

É o nítido preconceito de classe que o acompanhou durante seus dois governos e no último período eleitoral, e, parece, continuará até o fim de seus dias.  O problema não é Lula, ou qualquer ex-presidente usufruir o que legislação brasileira lhes garante, o problema está na tonalidade da tinta gasta para condená-lo por fazer uso daquilo que é seu por direito.


Um dos exemplos dessa imensa "frescura" dos meios de comunicação foi o espetáculo do mau jornalismo protagonizado pelo portal R7, em uma chamada afirma que "Lula tem direito a carros de luxo", quando se clica no link da matéria, a chamada que se lê é diferente, "Ex-presidente, Lula tem direito a carros de luxo
e oito funcionários pagos pelo governo".  Ou seja, os carros não são do Lula, são do Estado brasileiro,  para uso de Lula e de qualquer outro ex-presidente vivo, conforme estabelece a lei.  Mas a chamada é maldosa e desonesta, tenta tornar escandaloso, para chamar a atenção, o que a própria matéria cuida de explicar o contrário.  Comportamento corriqueiro nos dias de hoje por parte da imprensa.

Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, encerrou 
categoricamente o "tal escândalo":  "Existe uma coisa no Brasil que são as leis escritas. Se isso está de acordo com as leis, eu não vejo nenhum problema. Eu imagino que possa agradar muito àqueles três ou quatro por cento que consideram o governo Lula ruim ou péssimo, mas, para mim, é um tema inteiramente irrelevante. Eu acho que o país tem coisas bem mais relevantes com as quais se preocupar."

Informar não é ofício maior de alguns setores da imprensa brasileira, desinformar parece comportamento compulsivo em algumas redações.

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