São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2010
Bugatti Veyron é uma montanha-russa sobre rodas
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO FELIZ (SP)
Tudo começou com os devaneios de Ferdinand Karl Piëch. O todo-poderoso do grupo Volkswagen é um engenheiro brilhante, quase tanto quanto o avô morto, Ferdinand Porsche.
Piëch queria mostrar ao mundo o poder de fogo do grupo alemão e traçou metas para a engenharia: queria um carro com mais de 1.000 cv, que superasse 400 km/h e pudesse levar o dono milionário a uma ópera com certo conforto. Dito e feito.
Em 1999, apresentaram o primeiro protótipo. Seis anos depois, o modelo definitivo, que só agora chega ao Brasil pelas mãos da British Cars.
A importadora fez o convite irrecusável para um test-drive com o Veyron, em Porto Feliz, interior de São Paulo. Era um grande avanço para quem não queria deixar os visitantes "VIPs" entrarem no carro, no Salão de São Paulo, no mês passado, para não danificarem os detalhes de couro e de alumínio.
Eis que surge o brutamontes no horizonte. A carroceria é larga e baixa; os pneus, enormes. Têm 365 mm de largura na traseira, algo imaginável só na cabeça de Piëch.
Ele também exigiu um motor com bloco grande (8 litros) e turbos, muitos turbos. São quatro, comprimindo o ar dentro dos 16 cilindros em "W" (na prática, são dois motores V8 conjugados).
Resultado: o escapamento central ecoa um zumbido de jato de guerra. Se você acelerar um pouco e soltar o acelerador, escuta um "thciiii" retumbante. É o sonho daqueles Golzinhos turbinados na esquina e coroados com uma bela "wastegate" (válvula de alívio do turbo).
100 KM/H DE 1ª
Nem é preciso dizer que, com 1.001 cv, o Veyron dá um coice e arremessa seu corpo para trás. Em primeira marcha, vai a 100 km/h; em segunda, está a 160 km/h... e por aí vai, até bater em 407 km/h, diz a Bugatti.
O dedo de Piëch estava até na transmissão: queria tração integral e câmbio de dupla embreagem, mesmo com um torque sem precedentes em carros de série. Preço? R$ 7,7 milhões. Na prática, não vale cinco Ferrari 458 e uma casa no campo.(FS) A British Cars cedeu o Bugatti Veyron 16.4 para avaliação
ENTREVISTA
"A 431 km/h na pista, achei que fosse morrer"
DO ENVIADO ESPECIAL
O piloto Pierre-Henri Raphanel, 49, nunca foi uma estrela da Fórmula 1. Enquanto Ayrton Senna corria rumo ao seu primeiro campeonato, em 1988, o francês tentava se entender com seu Larrousse Lola. Agora, é o homem mais rápido do mundo (em um carro de série). Em setembro, ele chegou a 431 km/h com o novo Bugatti Super Sport, 24 km/h mais rápido que o Veyron 16.4.
Pierre-Henri Raphanel - Achei que fosse morrer. É uma velocidade muito alta, mesmo em uma pista. Um pequeno erro é fatal.
Limitar a 415 km/h realmente faz diferença?
Sim, ainda que pareça uma diferença pequena. A 415 km/h, o Bugatti cola no chão e se mantém estável. A 431 km/h, a direção já fica mais sensível.
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